A recomendação da polícia é clara: em hipótese alguma reaja a um assalto. Em seguida, registre a ocorrência o mais rápido possível. Se seguiu à risca a primeira regra, até porque teve uma arma apontada para a sua cabeça, a modelo Adriane Galisteu ignorou por completo a segunda. Estranhamente, só deu queixa do assalto que sofreu na sexta-feira 8, cinco dias depois, após ter passado o feriado prolongado na companhia da mãe Emma, em Cascavel, no Paraná. Quando finalmente ela resolveu procurar a polícia, o delegado Edson Santi quase caiu da cadeira ao calcular o prejuízo: R$ 250 mil em jóias e R$ 10 mil em dinheiro.

No dia do crime, simulando a entrega de flores, três bandidos renderam o porteiro de seu prédio nos Jardins, em São Paulo, por volta das 20h e interfonaram para a empregada, pedindo que ela retirasse a “encomenda”. Dominada, Teresa Gomes da Silva foi obrigada a levar dois dos assaltantes até a residência da modelo, com quem mora e trabalha há cinco anos, enquanto o terceiro dava retaguarda à ação dos colegas na guarita do prédio. Adriane contou aos policiais que os criminosos – todos aparentando 20 anos e bem-vestidos – mantiveram a calma durante o assalto, que durou cerca de meia hora, procedimento comum de bandidos profissionais. Há duas versões para o que se passou no apartamento. A assessoria da modelo alega que ela estava no banho enquanto os ladrões faziam o rapa em sua casa, talvez para poupá-la de possíveis retaliações em um eventual reconhecimento. A polícia diz que ela foi rendida, ameaçada com um revólver e obrigada a entrar no closet para entregar as jóias e o dinheiro. E ainda acredita que o assalto foi planejado por alguém que conhecia bem o edifício. Os bandidos sa-biam que o prédio é extremamente vulnerável e, embora abrigue moradores de classe média alta, nem sequer conta com seguranças ou circuito interno de tevê. No momento do assalto, um dos ladrões chegou a comentar com a empregada Teresa: “Sei que você é de Minas.” E ainda disseram a Galisteu:
“Olha, a gente não vai te fazer nenhum mal. É só você dar o que a gente está pedindo.” Entregou dois relógios (um Rolex e um Bulgari), um broche de ouro, vários brincos e anéis, além de R$ 10 mil em dinheiro que havia recebido na noite anterior pela participação em um evento. Vestida com uma calça jeans e camiseta branca, nem sequer teve tempo de calçar sapatos para descer os sete andares de elevador em companhia dos ladrões. Em seguida, ligou para um amigo, o delegado Oswaldo Nico Gonçalves, supervisor do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos. “Tentei convencê-la a ir à delegacia, mas ela me disse que estava muito abalada para se lembrar do que haviam levado de sua casa e precisava viajar.” Segundo Nico, ela só falava: “Graças a Deus não aconteceu nada comigo e minha mãe não estava aqui. O dinheiro, eu recupero trabalhando.” Pela terceira vez vítima de assalto, Adriane só agora, com as trancas arrombadas, resolveu se proteger. Contratou seguranças para andar com ela 24 horas por dia e o prédio em que mora passará a contar com modernos sistemas de proteção.