O prefeito Celso Pitta (PTN) é o mais forte candidato ao troféu de maior trapalhão da história política do País. À frente de uma administração envolta até o pescoço por denúncias de corrupção, Pitta viu vários de seus assessores e colaboradores irem parar na cadeia e vereadores que lhe davam sustentação serem cassados. Desgastado, se afastou do PPB e sofreu uma humilhação pública ao ser rejeitado por vários partidos, entre eles o PMDB, PSDB, PSB e PTB. Finalmente, Pitta encontrou abrigo no PTN, um partido nanico do tipo legenda de aluguel. Como parte do acordo, entregou a Secretaria de Administração ao empresário falido Marco Aurélio de Oliveira Abreu, 43 anos, filho de Dorival de Abreu, o dono do PTN. Vexame maior era impossível para o já combalido Pitta: no dia da posse, na quinta-feira 14, o novo secretário foi parar na cadeia. Havia uma ordem de prisão contra Marco Aurélio, em razão de ele ter ignorado convocações da Justiça para explicar a falência de uma de suas empresas, a Exame Comércio Exterior. “Vocês acabaram comigo no dia mais importante da minha vida”, lamentou, ao ser detido quando saía de casa, duas horas antes da posse. “Foi uma armação”, protestou. Solto à noite, ele desistiu do cargo. “Não vou causar mais esse constrangimento ao prefeito.”

O curioso é que Marco Aurélio foi preso por causa de uma denúncia anônima recebida pelo delegado Romeu Tuma Júnior, sobrinho de Renato Tuma, o secretário substituído. Tuma Júnior é um dos policiais que mais têm investigado – junto com os promotores do Grupo de Atuação e Repressão ao Crime Organizado – denúncias de corrupção na Prefeitura, inclusive no departamento de compras ligado à Secretaria de Administração. Por isso, Pitta acusou a família Tuma de estar por trás da prisão. Ele lembrou que o senador Romeu Tuma (pai do delegado) é candidato a prefeito e Tuma Júnior a vereador. Na quarta-feira 13, o ex-secretário Renato Tuma havia sido interrogado pelo promotor José Carlos Blat sobre as denúncias de superfaturamento no departamento de compras da Prefeitura. “O Tuma mandou prender o novo secretário porque havia uma ordem de prisão. Se não fizesse isso, seria prevaricação”, afirmou Blat.