De olho na praticidade desejada pelo consumidor, as indústrias alimentícias investem na criação de alimentos prontos ou pré-preparados e preferencialmente com baixas calorias. Nessa linha, várias empresas estão aproveitando o inverno rigoroso para lançar sopas leves em sachês individuais. A Liotécnica acaba de colocar nas gôndolas dos supermercados novas sopas instantâneas de milho, mandioquinha e brócolis sem gordura e com 55 calorias por porção. Ao todo, há dez sabores. A Maggi, marca da Nestlé, também oferece oito sabores de sopas individuais nos mesmos moldes. Para prepará-las, basta despejar o conteúdo em uma xícara ou prato fundo e adicionar 200 ml de água quente. Depois é mexer e tomar.

Na opinião da nutricionista Heloísa Pacheco Tavares, da C2 Consultoria em Nutrição, de São Paulo, as sopas pré-prontas cumprem a função de amenizar a sensação maior de fome sentida durante os dias frios, ganhando tempo até a próxima refeição. Esse apetite aumentado se justifica, em parte, por mudanças no organismo. “O metabolismo gasta mais combustível no inverno para manter a temperatura”, explica a endocrinologista Regeane Trabulsi Cronfli, do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. A necessidade de consumir mais calorias para gerar calor (termogênese) varia de acordo com o sexo e características familiares.

Emagrecimento – A praticidade dessas sopinhas prontas conquistou a preferência da arquiteta Rosilene Fontes, 39 anos, de São Paulo. Ela trabalha em período integral numa construtora e à noite frequenta um curso de cenografia. “Quando chego em casa, tomo uma sopinha instantânea para aquecer o estômago e vou dormir. É fácil de fazer e tem baixas calorias”, afirma. A cozinheira profissional Maria José Anísio Gomes, 33 anos, usou sopas instantâneas para adicionar calor à sua dieta de emagrecimento. “Tomava para esquentar o estômago antes de comer muita salada. E às vezes durante a tarde, no trabalho, para enganar a fome em vez de usar alimentos mais calóricos. Consegui eliminar seis quilos”, comemora. Contudo, para usufruir apenas do lado bom das sopas instantâneas individuais, não se deve usá-las como substitutas de refeições porque esse tipo de hábito pode enfraquecer as defesas do organismo. Elas não oferecem nutrientes em quantidade equivalente à de uma refeição balanceada. E quando a intenção é saciar a fome, podem ser servidas junto com duas fatias de pão integral ou outros complementos, como queijo. “Uma das poucas desvantagens desses produtos é que devem ser evitados por pessoas que seguem uma alimentação com restrição de sódio”, alerta a nutricionista.

A tecnologia usada na fabricação dessas sopas é a liofilização, processo que desidrata os alimentos preservando as suas propriedades nutricionais e o sabor. Pelo menos, é o que garantem as empresas. Entretanto, uma degustação organizada pela C2 Consultoria em Nutrição revelou que a satisfação do paladar dos consumidores está bastante associada à expectativa pessoal em relação ao alimento. Frustra-se quem espera uma delícia da boa mesa. Muitas dessas preparações possuem gosto bem distante de uma sopa caseira ou de restaurante.

A C2 Consultoria em Nutrição avaliou, a pedido de ISTOÉ, cinco sabores (carne, cebola, galinha, ervilha e legumes) de duas marcas encontradas nos supermercados e da Sopavita, da empresa Sanavita (vendida pelo telefone 0800 554414 ou nas lojas da empresa). O produto da Sopavita se enquadra também na categoria de alimento funcional (além de nutrir, previne doenças) porque traz na fórmula ingredientes como o betacaroteno (beneficia as defesas imunológicas). O grupo selecionado para provar as sopas reuniu pessoas com idade entre 20 e 40 anos que estudam e trabalham (leia os resultados com as cinco melhores no quadro), sem treinamento para testes sensoriais. A degustação revela preferências e percepções pessoais. Os consumidores avaliaram itens como aparência, aroma e sabor, dando notas de zero a dez. “Quem consome outros alimentos pré-preparados ou espera apenas conforto semelhante ao de um copo de leite aquecido tem mais chances de apreciar”, avalia Heloísa Tavares.