A energia concentrada do laser é a nova arma contra o câncer. O FDA, órgão americano encarregado de fiscalizar medicamentos, já deu seu aval para uso da técnica chamada fototerapia dinâmica (photo dinamic therapy ou PDT) nos Estados Unidos. No Brasil, o tratamento está em teste desde o começo do ano no Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, interior de São Paulo. Os pesquisadores garantem que o processo elimina tumores com até um centímetro de profundidade.

A fototerapia dinâmica alia aplicação de laser e administração de uma substância sensível à luz do raio. Essa droga percorre o corpo e é eliminada pelas células sadias em 36 horas. As células cancerosas retêm a substância por mais tempo. Ao ser iluminada pelo laser, a droga provoca uma reação química fatal para os tumores. “Estamos na fase experimental. Talvez em 2001, o Brasil incorpore a técnica”, afirma Vanderlei Bagnato, físico atômico e molecular da Universidade de São Paulo, em São Carlos, um dos pesquisadores responsáveis pelos testes de PDT.
Por enquanto, os pesquisadores limitaram as experiências a casos de câncer na pele, no nariz e na garganta. Os raios foram aplicados com sucesso em 22 pessoas impossibilitadas de adotar outros métodos de tratamento. “Elas têm históricos complicados. Um dos pacientes passou por 40 cirurgias. Outro é um senhor com quase cem anos”, conta Bagnato. As vantagens da fototerapia sobre os métodos oferecidos normalmente são a inexistência de dor e efeitos colaterais, a possibilidade de uso do laser em número ilimitado de vezes e a rapidez (uma aplicação varia entre 15 minutos e uma hora).

Dentro de três meses, os pesquisadores pretendem ampliar os testes para casos de câncer de estômago, pulmão e esôfago. Em setembro, parte do grupo viajará para a Rússia, um dos países onde a técnica de PDT está mais desenvolvida, para treinamento. Entre essa equipe estarão dois físicos. Esse tipo de profissional é essencial para o tratamento. A fototerapia requer a presença de um físico para trabalhar com as fibras óticas que conduzem o laser. “Somos encarregados de calcular a energia necessária para matar o tumor e conduzir a luz até a lesão. A medicina de hoje é cada vez mais a conjugação de ciência e tecnologia”, explica Bagnato.


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