Depois de se render à ginástica, à cirurgia plástica e a uma infinidade de tratamentos de beleza, agora os homens começam a usar jóias e bijuterias. Eles perderam o receio de mostrar que são vaidosos e as lojas aproveitam para lançar um arsenal de variedades para o sexo masculino. Além de brincos e piercings, anéis de casca de coco, cerâmica, bambu e outros materiais naturais têm conquistado os consumidores adolescentes. Já os adultos rendem-se a cordões adornados com pingentes, pérolas negras ou plaquinhas de ouro.

Em julho, na última Francal (feira de calçados, acessórios de moda, máquinas e componentes), em São Paulo, os estandes de bijuterias eram os mais movimentados. Diante de um outdoor de um modelo usando uma gargantilha, consumidores engravatados se animavam para apreciar colares com motivos tribais, entre outras peças. A coleção foi criada pelas irmãs designers Maria Helena e Maria Paula Del Bianco a pedido dos amigos de seus filhos. Lançadas há três meses, as peças custam até R$ 25 e, segundo as designers, vendem até cinco mil unidades por mês. Algumas delas são exibidas pelos personagens do seriado global Malhação.

Grandes joalherias de São Paulo também estão adaptando seus artigos ao gosto masculino. Em vez de rubis e pedrarias, a moda é adotar materiais brutos e metais. Um cordão indígena como o que enfeita o pescoço do ator americano Brad Pitt inspira as criações da paulistana Patrícia Centurion. Seu pingente de pérola negra do Taiti com cordão de couro cru (R$ 1.680) pode ser usado por homens e mulheres. Na Natan, há até peças sob medida, como um bracelete de ouro branco com brilhantes (R$ 4.275) ou um conjunto de pulseira e anel de ouro branco e amarelo (R$ 4.389). A joalheira Miriam Mamber faz sucesso com a linha que mistura ouro, brilhante e pedaços de meteoritos. Ela diz que seu cordão masculino (R$ 1,5 mil) transmite “força energética”. “Os homens se enfeitam desde o tempo das cavernas. De tempos em tempos eles se lembram disso”, afirma.

O carioca Antonio Bernardo, criador das gargantilhas que adornam os famosos globais, está lançando uma linha de pingentes com cordão de couro Army (R$ 1.060), inspirada nas placas de identificação dos soldados americanos. Em sua loja, no Rio, peças exclusivas como abotoaduras de mosaicos, argolas grossas como a de ciganos e anéis bem largos, com porções de ouro, cobre e prata, disputam a preferência dos consumidores. “O segredo é não abusar dos brilhos e pedras. Para homens, quanto mais simples e discreto, melhor”, ensina Bernardo.