Parou por quê?
Com o governo fraco, aumentam as cobranças fisiológicas da base governista. As táticas dos parlamentares para arrancar o máximo nessas horas são o corpo mole e ameaças de derrubar projetos de interesse do Palácio do Planalto. As ameaças estão aí nos petardos que lançam todo dia Antônio Carlos Magalhães, Geddel Vieira Lima, Inocêncio Oliveira e Jader Barbalho. Quanto ao corpo mole, esse também já começou. Na última semana, por conta do feriado de terça-feira, o quórum máximo na Câmara foi de 200 dos 513 deputados. Nada se votou. Agora a pauta está trancada, por causa da urgência constitucional para a votação do emperrado projeto de prorrogação da alíquota de 27,5% no IRPF. Se ele for votado, há outro ainda fechando a pauta: o de criação da Agência Nacional de Águas. A primeira terça-feira de novembro também é feriado, paralisando novamente as votações da semana. E aí, outro projeto tranca a pauta: o que leva o Instituto de Resseguros do Brasil para a Susep. Enrola daqui, enrola dali, chega dezembro e não haverá mais tempo para votar as reformas. A não ser que saia a convocação extraordinária, dando a cada parlamentar o direito de embolsar um abonozinho de cerca de R$ 16 mil nas férias.

“Não sei de quem partiu essa idéia de jerico”
Do senador Pedro Simon, que prepara discurso contra a nomeação para o STM do general Luiz Lopes da Silva, envolvido na morte de operários na CSN

CNBB investiga o Espírito Santo
Dom Jaime Chamello não está nem um pouco preocupado que o ministro da Defesa, Élcio Álvares, tenha admitido que gosta de jogar cartas a dinheiro. “O fato extremamente grave é a possibilidade de um envolvimento com o crime organizado”, afirma o bispo. Por isso, dom Jaime determinou que a CNBB faça uma investigação sobre o que está ocorrendo no Estado do ministro, o Espírito Santo: “Pedi um levantamento completo à Arquidiocese de Vitória.”

Ainda a Ceagesp
Por trás da irritação de Covas com os precatórios pagos da Ceagesp, está a briga do deputado Xico Graziano (PSDB), seu ex-secretário de Agricultura, com Delfim Netto. A guerra foi revelada nesta coluna, na edição 1566. Homero Rodrigues Leite, diretor financeiro da Ceagesp, admite que é amigo de Delfim e que seu colega Miguel Apolônio é sobrinho do ex-ministro. Mas diz que foi Graziano quem indicou o presidente da estatal, Fuad Nassif Balcura: “O Xico está irritado porque queria só fazer política com a Ceagesp e não aceitamos.”

Rápidas

  • Na quarta-feira, FHC já havia tomado uma decisão: se Élcio Álvares deixar o governo, o ministro da Defesa continuará a ser civil. Com isso, dançou a transferência do general Cardoso para o posto.
  • Everardo Maciel guarda cartas na manga para mostrar a Mário Covas que não partiu da Receita a idéia de multar a Nossa Caixa. Trata-se de correspondência do BC denunciando a sonegação.
  • Itamar virou alvo de armação dos mineiros na Comissão de Orçamento. Só aprovam emendas coletivas com nomeações genéricas. Depois os deputados negociam com o governo e as empreiteiras.