Amantes da ginástica que se preparem. Para chamar a atenção dos alunos enfadados com a mesmice das aulas, as academias estão inovando tanto que chegaram à excentricidade, transformando as aulas em show. A Fórmula, de São Paulo, por exemplo, inventou circuitos que usam acrobacias de circo e artes marciais. Já a Companhia Athlética, também paulista, investiu em aulas baseadas no treinamento militar e relaxamento com bolas aromáticas.

Na maioria das vezes, o resultado continua sendo o mesmo da velha aeróbica: um bom condicionamento do coração, resistência física e queima calórica. Mas sem tanto rebolado, o que encoraja os homens. Nessa linha estão as aulas de aero fight e a de boot camp. A aero fight (luta, em inglês) é a modalidade mais recente. Como o nome sugere, a aula utiliza movimentos baseados em caratê, judô, capoeira e kick boxing. Não há pretensão de transformar o aluno num lutador. Mas a ginga dá agilidade nos reflexos e flexibilidade, enquanto os golpes melhoram a força física. Criada pelos professores Erik Salgado, campeão brasileiro de kick boxing, e Geraldo de Paula, tetracampeão pan-americano de caratê, a aula se destaca pelos exercícios em dupla. A vantagem é que se pode queimar até 850 calorias em uma hora. "A gente chuta, soca, extravasa a raiva e emagrece", diz a estudante Roberta Faustini, 21 anos.

A boot camp é outra prática de suar a camisa. Essa aula de exército, como está sendo chamada, surgiu nos Estados Unidos e chegou ao Brasil há dois meses. Os alunos, homens e mulheres, treinam como se estivessem em um quartel e os professores, devidamente caracterizados com tops e calças de camuflagem, falam por meio de megafones. Os exercícios proporcionam uma queima de 500 calorias. Incluem subir em cordas, que estimulam a força nos braços e nas pernas, arrastar-se no chão para resistência muscular localizada e saltitar sobre pneus, um meio de ganhar agilidade e coordenação. Todo esse apelo conquistou o advogado Luís Eduardo de Paula, 26 anos. "Gostei de um treinamento militar sem obrigações. O trabalho é forte, mas não deixa o corpo inchado como os aparelhos de musculação", compara.

Outra aula bastante exótica é a de circuito acrobático. A idéia veio da trapezista e professora de Educação Física Mariana Maia. Nesse circuito, o objetivo é desenvolver a coordenação motora e o equilíbrio de uma forma lúdica. O cenário e a música lembram um circo. A cama elástica e o trampolim fortalecem as pernas, o trapézio exige força dos braços, a barra e a perna de pau aumentam o equilíbrio e a concentração. "Sinto-me meio moleca subindo na corda e segurando no trapézio ", diz a vendedora Regina Victor, 27 anos.

Para contemplar quem prefere mais relaxamento – mas não abre mão de uma aula diferente –, a novidade é a chi ball, desenvolvida na Austrália. Trata-se de um alongamento feito com bolas. O detalhe é que elas contêm aromas, que, segundo a aromaterapia, possuem capacidade terapêutica. A bola cor de abóbora, por exemplo, tem essência de laranja e é indicada contra a tensão. Ao inspirar um aroma, a tendência é a respiração se tornar mais profunda. Dessa forma, a amplitude do movimento aumenta e, consequentemente, o relaxamento. "É um trabalho gostoso. Hoje, usei a bola cor de abóbora porque dormi mal e o aroma de laranja ajuda a relaxar a musculatura", conta a artista plástica Bettina Moraes, 27 anos. Vale tudo para quebrar a monotonia.