História por trás da história
A CPI dos Bancos pode acabar mostrando que, ao contrário do que afirma o presidente Fernando Henrique, o Brasil esteve próximo de dar um calote na dívida pública. A corrida aos bancos da fatídica sexta-feira negra ocorreu por causa de um vazamento. Na véspera daquele dia, o chamado mercado teve acesso a um estudo do economista André Lara Rezende, então em Paris, preparado por encomenda do Palácio do Planalto, que sugeria a adoção do currency board como saída para o ataque especulativo que se vivia na época. Para a adoção desse sistema de atrelamento do real ao dólar, o documento defendia que seria necessário alongar compulsoriamente, de três a cinco anos, o vencimento imediato dos papéis da dívida. Para o mercado, alongamento compulsório e calote querem dizer a mesma coisa. Daí o pânico. Circula no mercado que FHC chegou a se encantar pela proposta e soprou-a no ouvido do ministro da Fazenda, Pedro Malan. Ela só não emplacou porque Malan estrebuchou e ameaçou pegar o boné.

 

Sem passaportes
O ministro da Justiça, Renan Calheiros, vai cancelar, nesta semana, a licitação para fabricação de passaportes. A Sinag, que venceu a disputa cobrando R$ 136 milhões pela empreitada, pediu reajuste dos preços em função da crise cambial. E ainda queria cláusula indexando o contrato ao dólar.

 

Se cuida Malan
Depois de contratar o americano Armínio Fraga para presidente do Banco Central, FHC pode estar preparando uma tacada de mestre nesta sua viagem pela Europa. O novo ministro das Finanças da Alemanha, Caio Koch-Weser, também tem dupla nacionalidade. A alemã, é claro, e a brasileira. Ele nasceu em Rolândia, no Paraná. E é tucano de coração.

 

Guerra no Ceará
Ausente da política nacional, Tasso Jereissati está sendo obrigado a gastar todas as suas energias numa guerra interna no Ceará com o senador Sérgio Machado. Líder do PSDB no Senado, está de malas prontas para o PFL de ACM. Ameaça levar o presidente da Assembléia Legislativa e dez deputados estaduais.

  R Á P I D A S

– Desta vez parece que é sério. O ex-ministro Ciro Gomes deu entrada no seu pedido de divórcio. Na política, apesar das conversas recentes com Lula, Ciro continua separado das esquerdas.

– Logo que chegou ao Banco do Brasil, Andrea Calabi quis saber como iam as dívidas da Encol. Descobriu que a expectativa do banco é reaver tudo o que emprestou somente daqui a 30 anos.

Por Tales Faria – Colaboraram: Luciano Suassuna, Andrei Meireles e Mino Pedrosa