i69878.jpg

Nesse meio tempo, os fãs colecionaram uma infinidade de itens da marca milionária, como trilhas sonoras, DVDs, livros, games, material escolar e roupas inspiradas nos modelitos dos atores. Só não tinham conseguido uma coisa: ver a história de Troy, Gabriella & companhia na tela grande dos cinemas. Pois bem, eles venceram. A partir da sexta-feira 24 estréia no Brasil High school musical 3 – ano de formatura, o novo episódio retratando o cotidiano colorido e fora da realidade da East High School, uma escola de ensino médio onde qualquer criança gostaria de estudar. Uma prévia da histeria que está por vir aconteceu há duas semanas em Londres, palco da pré-estréia mundial do musical. Quem ficou de fora, tratou de garantir um ingresso para a estréia e o resultado foi esse: a pré-venda bateu o recorde no país, superando Harry Potter e o cálice de fogo, de 2005.

O sucesso de High school musical ainda não foi completamente explicado, mas a Disney não tem a menor dúvida de que está diante de uma máquina de fazer dinheiro. A partir desse filme, ela própria passará a distribuir a trilha sonora pela Walt Disney Records – o CD chega às lojas já como disco de platina (60 mil cópias vendidas). Para entender esse fenômeno já se inventou todo tipo de teoria. Uma visão mais comportamental tende a explicar a “high school mania” pelo público que elegeu o filme como diversão favorita: a faixa etária que nos EUA é chamada de tweens (crianças entre oito e 13 anos). Em busca de uma identidade de grupo, eles teriam como modelo o comportamento dos adolescentes retratados na trama – e isso explicaria a total ausência, nas histórias, de qualquer hormônio que não seja o do crescimento.

i69879.jpg

Há também os que acham que a trama nada mais é que uma versão modernizada de Grease, também passado numa escola. Só que adaptada aos tempos do politicamente correto, o que incluiu um respeito pela diferença e uma ênfase no dado multirracial de hoje. Isso estaria patente na origem latina de Gabriella (Vanessa Hudgens) e no estilo careta de Ryan (Lucas Grabeel), o coreógrafo dos shows montados pelos alunos da escola. O diretor Kenny Ortega (que já trabalhou com Gene Kelly, Michael Jackson, Cher, Elton John e Madonna) nega que o enredo seja à moda antiga. “Acordamos as pessoas para certa inocência e fantasia e descobrimos que elas estavam preparadas para gostar novamente disso”, afirmou recentemente. Ele esqueceu da ênfase em valores como a amizade e o companheirismo, tanto entre colegas como entre pais e filhos. Em entrevista ao jornal inglês Daily Mail, o presidente do Disney Channel, Rich Ross, foi mais longe: “Não se trata de uma história sobre crianças com problemas de pais divorciados ou lidando com drogas. Nem todo enredo sobre o ambiente escolar tem que centrar no lado escuro.”

Os pais agradecem e incentivam os filhos a gostar de High school. Mas devem preparar o bolso: junto com o lançamento do novo filme, a Disney coloca no mercado mais 150 produtos relacionados à marca. No início, o investimento do estúdio na produção foi tímido. Lançado em 2006, High school musical tinha atores completamente desconhecidos, como eram desconhecidos Britney Spears, Justin Timberlake e Christina Aguilera, também lançados pelo canal. Seu custo estacionou nos US$ 4,2 milhões, o preço de um filme médio brasileiro.

Muito mais bem cuidado, a nova produção consumiu US$ 33 milhões, e isso é visível no acabamento dos números musicais. Alguns com efeitos especiais, como a coreografia que Zac Efron, o mocinho da história, dança nos corredores da escola cujas paredes giram como se ele estivesse dentro de um cubo. Em relação à nova história, nem é bom revelar muito, já que, além de reciclar os episódios anteriores, ela nem oferece tantos lances dramáticos. Dessa vez os meninos estão à volta com a montagem de um musical sobre o que eles vão fazer depois da formatura. A chegada deles ao cinema prova que já estão diplomados pelo sucesso.