Há pouco menos de três anos, num domingo, 23 de junho de 1996, Paulo César Farias foi encontrado morto em sua casa de praia em Alagoas. Tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello, PC era considerado um arquivo vivo e sua morte trouxe aos brasileiros óbvias, imediatas e talvez apressadas conclusões de queima de arquivo. Mário Simas Filho e Mino Pedrosa, editores de ISTOÉ escalados para relatar os fatos, constataram que aquelas conclusões não eram tão apressadas. Os dois experientes repórteres estranharam a velocidade com que a polícia alagoana desmontou a hipótese de queima de arquivo e apontou para a ocorrência de crime passional. Acharam ainda mais estranha a facilidade com que a família Farias aceitou e sustentou a versão oficial. Após dezenas de entrevistas, com pessoas que estiveram no local do crime e também com aquelas que mantiveram contatos com os seguranças de PC, eles concluíram que estava sendo armada uma grande farsa para que nada fosse investigado. O caso deveria ser encerrado como um homícidio seguido de suicídio.

Desmontar a armação, no entanto, exigia muito mais do que entrevistas. Nestes quase três anos, ISTOÉ acompanhou os desdobramentos das investigações. Ouviu peritos e legistas de todo o País, que acabaram sendo chamados a contribuir oficialmente com o Ministério Público e com a Justiça de Alagoas. As pressões que os repórteres sofreram tanto da família Farias quanto da polícia alagoana e a teimosa posição de ISTOÉ em não comprar a tese de crime passional, provocando a ironia de boa parte da imprensa, acabaram valendo a pena. A publicação pelo jornal Folha de S.Paulo de fotografia que questionava a altura da namorada de PC e as recentes mortes de personagens ligados ao caso estão levando o novo secretário de Segurança de Alagoas, Edmilson Miranda, a dar novo ritmo às investigações. Hoje parece claro que não houve crime passional e os brasileiros aguardam a prisão dos responsáveis: assassinos e mandantes.