A Febem de São Paulo está pegando fogo porque tem por trás dela o isqueiro de alguns funcionários. Nem quando os menores infratores eram tratados a pão, água e porretadas houve tantas rebeliões como na última semana: cinco em sete dias. E o fato é que as rebeliões voltaram a estourar justamente quando o secretário estadual da Justiça e da Cidadania, o professor de direito constitucional Alexandre de Moraes, mandou para casa 1.751 funcionários acusados de tortura: a maioria deles se diz injustiçada, a maioria deles diz que nunca isqueirou, a maioria deles diz que nunca tocou um dedo num menor – e isso é tão verdade quanto o delírio de dizer que todo o apetrecho de tortura que foi encontrado pertencia aos próprios menores. Essa é uma das poucas vezes na história do Brasil em que funcionário público acusado de sevícia é punido na hora (também Roseana Sarney leva para a sua biografia o mérito de ter demitido imediatamente os policiais que levaram um ladrão para um rio e lá o espancaram, assim que ela viu as cenas pela televisão). Agora, a limpeza que o professor Alexandre de Moares anda fazendo nas masmorras da Febem acaba de ganhar o apoio de importantes entidades: Fundação Abrinq, Fique Vivo, Tortura Nunca Mais, Conselho Regional de Psicologia e AMAR. O advogado cível e presidente da Abrinq, Rubens Naves, falou a ISTOÉ:

ISTOÉ – Qual a sua opinião sobre as mudanças?
Naves
– Historicamente existe uma cultura repressiva, de maus-tratos,
de tortura e irregularidades que há muito a sociedade civil combate.
Quando o secretário toma uma medida dessas, de demitir 1.751 funcionários, é importante o apoio de toda a sociedade.