Não está distante o dia em que tudo o que você vai precisar para reviver a bateria arriada do seu carro será o celular. Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, desenvolveram uma bateria de íons de lítio até duas mil vezes mais potente que os modelos atuais, 30 vezes menor e com recarga mil vezes mais rápida. Para ter uma ideia da velocidade de carga, em apenas 11 segundos a superpilha está completa.

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O segredo de tanta eficiência está na utilização de uma estrutura porosa que cria uma superfície maior, para que a reação química responsável pela geração de eletricidade ocorra. As baterias são compostas por dois eletrodos: o ânodo, onde a reação que libera elétrons ocorre, e o cátodo, que atrai esses elétrons, gerando corrente. Normalmente, eles são planos como placas de metal. O que os cientistas americanos fizeram foi transformar os eletrodos em estruturas 3D cheias de microfuros capazes de absorver e soltar muito mais elétrons. É como se a bateria atual fosse um guardanapo de papel, enquanto o novo protótipo seria uma esponja de banho.

“Essa é uma maneira totalmente nova de pensar baterias”, diz o professor de ciência e engenharia mecânica William King, coordenador do projeto. Embora ainda não haja previsão de comercialização dessa pilha, as implicações para a indústria de eletrônicos são imensas. “Os computadores ficam cada vez menores, mas as baterias atuais não acompanham isso”, afirma King. Graças à nova tecnologia, celulares finos como cartões de crédito poderão virar realidade. O setor automotivo é outro que deve se beneficiar da miniaturização. Hoje, carros elétricos precisam ser carregados durante toda a noite para poder rodar durante poucas horas. Suas baterias pesam mais do que dois homens adultos e ocupam espaço que poderia ser destinado a passageiros.

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Agora, o desafio é viabilizar comercialmente a tecnologia. É preciso fabricar a estrutura porosa dos eletrodos em escala industrial, sem deixar a bateria cara demais nem comprometer a segurança. “Os resultados são muito promissores, mas deve-se garantir que todos os materiais sejam estáveis e não sofram processos de autocombustão”, diz José Joaquin Linares, professor de química tecnológica na Universidade de Brasília. Os testes com equipamentos eletrônicos – a verdadeira prova de fogo – serão iniciados ainda neste ano.

Colaborou Juliana Tiraboschi