Apaixonado pela dança, o espanhol Carlos Saura já mostrou seus dotes coreográficos em Bodas de sangue e Carmen, entre outros. Com Tango (Tango, Argentina/Espanha, 1998), em cartaz no Rio de Janeiro e que estréia em São Paulo na sexta-feira 12, ele trocou o flamenco pela dança portenha. Da ótima trilha sonora à mágica fotografia, tudo é de primeira neste drama musical estilizado, que disputou o Oscar de melhor filme em língua estrangeira. O cuidado excessivo, no entanto, enche os olhos, mas não resulta num trabalho que mereça grandes aplausos. Acompanhando o processo criativo do encenador Mario Suárez (Miguel Angel Sola) – contratado para fazer um espetáculo de tango com a condição de que escale para o elenco a bailarina, namorada do produtor, Elena Flores (Mia Maestro), por quem se apaixona –, o enredo movido a traição e ciúme bem poderia ter saído de uma canção de Carlos Gardel. Rende números de dança realmente bonitos, mas não hipnotiza como os passos intricados dos bailarinos.