O presidente da Vasp, Wagner Canhedo, entrou em rota de colisão com os demais comandantes das companhias aéreas. Ao lançar na semana passada a idéia de uma holding – a Air Latina – para reunir as quatro grandes empresas brasileiras, Canhedo não apenas provocou a reação de Varig, TAM e Transbrasil, como também emperrou os planos do governo. A liberação das tarifas aéreas, por exemplo, agora está em compasso de espera. Segundo o mercado, a holding proposta por Canhedo seria a “tábua de salvação” para sua companhia, que no primeiro semestre acumulou R$ 34 milhões de prejuízo. Para piorar, o Planalto entendeu que a possibilidade de unificação – e por consequência, de monopólio – não é a melhor saída para sanear um setor em crise. Por isso, Varig, TAM e Transbrasil fizeram questão de deixar claro, na sexta-feira 29, em comunicado oficial que são contra a iniciativa.

Mas se a holding é inviável, as discussões sobre eventuais fusões continuam, apesar das negativas dos empresários. “Não queremos fusão”, repete Fernando Pinto, da Varig. O namoro entre TAM e Transbrasil, porém, está firme. Na segunda-feira 25, dividiam a mesma mesa do restaurante Massimo, em São Paulo, o presidente da TAM, Rolim Adolfo Amaro, e Antônio Celso Cipriani, presidente interino do Conselho da Transbrasil. A TAM é a companhia mais saudável entre as quatro, mas o que a Transbrasil teria a oferecer? “Eles têm uma frota razoável e boas rotas”, explica um executivo da própria TAM. Paralelamente, o governo acena com a possibilidade de ampliar de 20% para 30% a participação de capital estrangeiro nas companhias nacionais. A tensão da última semana reflete as dificuldades crescentes do segmento. Os motivos são muitos: da desvalorização cambial que multiplicou as dívidas com bancos e fornecedores estrangeiros, à retração do turismo. “Mesmo que haja fusões, as empresas vão precisar de uma reestru-turação”, explica Mario Coelho, diretor da consultoria Austin Asis.