O desafio de transformar produtos tão diferentes quanto energia elétrica, câmeras fotográficas, perfumes e sorvetes em arte é a proposta da IV Mostra Nacional de Vitrines. Esses mate-riais ganham novos significados nas mãos de cinco artistas plásticos conhecidos nacionalmente: Cláudio Tozzi, Antonio Peticov, Cícero Silva, Caciporé Torres e Leda Catunda. A exposição, que acontece até sábado 30 no Atrium do MorumbiShopping, em São Paulo, percorrerá outras grandes capitais a partir de janeiro. “Temos dois objetivos: mostrar aos empresários que a arte é uma excelente forma de marketing e levar a obra de grandes nomes ao público”, informa Luz Marina Simonsen, da LMS – Planejamento e Organização de Eventos, que, com o publicitário Alex Periscinotto, idealizou a mostra. “O shopping é um centro de convivência por onde circulam cerca de 60 mil pessoas por dia.”

Peticov, que participa da exposição desde que ela foi criada, também acha bom que a arte ultrapasse as paredes das galerias e ateliês. Ele criou vários arco-íris nos vidros de um automóvel Golf, da Volkswagen. “O carro é potente e ágil. Para representar isso, achei que nada seria melhor que a refração da luz. O próprio carro é a vitrine”, explica ele. Cada um dos artistas convocados procurou meios de exprimir em sua obra a alma da empresa ou do produto. A Tozzi coube mostrar que as torres de energia de Furnas Centrais Elétricas podem ser lúdicas e ecológicas, numa referência à preocupação da empresa com o meio ambiente. “Com O natural e o construído, expresso a energia natural e a produzida”, relata o artista. Reforçando a nova logomarca da Kibon – um coração vermelho com o K em azul –, Caciporé construiu uma grande taça de sorvete em aço. Leda mergulhou com a linha Boto, de O Boticário, no ambiente doméstico feminino. Cícero Silva usa fotos de casais, crianças e idosos para representar a linha do tempo e registrar os 80 anos da Kodak.

No mesmo local, outra exposição retrata o desenvolvimento do vitrinismo no Brasil. Vitrine: fragmentos de uma história é o resultado de uma pesquisa realizada por Marília Malzone, professora do curso de Moda da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).