O ultra-som acaba de dar mais um salto em busca de melhores imagens e, portanto, de diagnósticos mais precisos. No último congresso brasileiro de radiologia, que aconteceu em São Paulo há duas semanas, três novos recursos foram apresentados. Um dos mais festejados foi a tecnologia 3D. Aparelhos com imagens em três dimensões permitem reconstruir em menos de um minuto o formato original de um fígado lesado, por exemplo. A informação é importante antes de se fazer um transplante para saber se o órgão doado terá de ser diminuído ou não. O sistema de imagem tridimensional tem ainda um apelo para os futuros pais: mostra a carinha do bebê perfeitamente. Mais do que isso, a imagem ajuda o especia-lista a reconhecer alterações no feto com muita nitidez. Algumas síndromes podem ser diagnosticadas pela simples observação dos dedos das mãos. “Constatando isso, mesmo quando a síndrome não tem cura, o médico pode preparar psicologicamente o casal”, afirma o ginecologista Gregório Acácio, da Universidade de Taubaté.

Menos atraente que a tecnologia 3D, mas igualmente importante do ponto de vista médico, outra novidade apresentada no congresso foi a segunda harmônica. É um recurso dos aparelhos de ultra-sonografia que permite uma proe-za: obter imagens mais profundas dos tecidos e também muito mais nítidas. Com o novo recurso, o médico tem a possibilidade de identificar e avaliar tumores, cálculos renais e alterações físicas em estágio inicial que antes não eram vistos. Melhor para todo mundo, especialmente para pacientes em que o diagnóstico costuma ser difícil. “Em obesos, por exemplo, o resultado de ultra-som tradicional não é tão claro porque suas ondas não se propagam bem na gordura”, diz Acácio.

O terceiro recurso é a injeção de contraste. Embora mais conhecido, o uso do contraste também evoluiu e, em especial, para diagnóstico de tumores. No encontro de radiologia foi apresentado um produto químico que permite visua-lizar o fluxo sanguíneo do paciente. Como produz microbolhas capazes de chegar até as menores artérias que nutrem um tumor, o líquido serve de guia. “Assim é possível ver melhor o tamanho do tumor”, explica o radiologista Giovanni Cerri, do Instituto do Coração de São Paulo.