Todo ano, às vésperas do verão, as academias de ginástica lançam mão de uma infinidade de aulas novas. E o intuito é cativar aqueles que querem entrar em forma antes de se exibirem na praia. Mas neste ano as academias estão se preparando não só para o verão como também para as exigências tecnológicas da virada do milênio. O menu das escolas de ginástica ganhou, além de aulas inovadoras, aparatos que facilitam o trabalho do aluno na busca do corpo perfeito.

A academia paulista Competition, por exemplo, importou da Itália um aparelho de dar inveja: o technogim system. Na verdade, é uma forma high tech de controlar o trabalho e o desempenho dos alunos durante as sessões de musculação. Nesse sistema, em vez de ficha, o aluno tem uma espécie de chave que será inserida em um terminal eletrônico e no próprio aparelho de musculação. “Antes de se exercitar, a pessoa vai para o terminal e recebe informações sobre os exercícios que irá fazer, seu desempenho nas últimas aulas e a quantidade de calorias gastas durante a musculação”, explica o instrutor da Competition Sílvio Charbe. Depois de carregada, a chave deve ser colocada no aparelho de musculação que receberá informações sobre os exercícios ideais para o dono da chave. “Assim, se alguém não faz o exercício até o fim, não tem como mentir. O aparelho de musculação registra o que não foi feito e passa para a chavinha, que por sua vez passará para o terminal ao qual todos os instrutores têm acesso”, completa Charbe. A professora de ginástica da academia, Paula Gonzalez, acredita que esse controle não só melhora o desempenho dos alunos na musculação como também os ajuda na hora de fazer ginástica. “Quando os músculos estão bem trabalhados, a resistência do corpo é maior e a ginástica faz mais efeito”, diz Paula.

Tecnologia – Por incrível que pareça, esse controle exagerado, em vez de espantar os alunos, os atrai ainda mais. A advogada Carla Lemos, 22 anos, é uma das fãs do technogim. “Entre outras coisas, essa tecnologia toda foi o que me atraiu na hora de escolher a academia”, conta. Mas, por praticar atividades físicas desde garota, Carla não pára por aí. Está nas primeiras aulas de outra novidade na academia: o jump-fit. Realizada sobre minitrampolins, essa modalidade serve principalmente para trabalhar os músculos da perna e do bumbum. Essa aula mistura saltos com ginástica, dura 30 minutos e costuma proporcionar a queima de 300 calorias. “Não quero mais parar de saltar”, vibra a advogada.

Saltar parece estar mesmo com força total nessa nova era da malhação. A academia Fórmula de São Paulo também apostou nos pulos e lançou, este mês, aulas de salto sincronizado. O que antes era privilégio dos alunos de circo, agora começa a fazer parte do programa dos ratos de academia. Durante 30 minutos, os alunos aprendem a dar cambalhotas, piruetas e mortais e queimam cerca de 300 calorias. A ginástica serve principalmente para trabalhar músculos da perna e treinar o equilíbrio. Bicampeão brasileiro de snowboard (esporte em que se escorrega na neve com uma espécie de skate), o administrador Dário dos Santos, 28 anos, precisa desses quesitos para treinar seu esporte. Por isso, ele é frequentador assíduo das aulas de salto sincronizado. “Toda vez que salto, me preocupo em cair corretamente e acabo treinando bastante o equilíbrio”, conta o administrador.

A academia Bio Ritmo, também de São Paulo, ainda não abraçou totalmente a idéia dos saltos, mas, para não ficar de fora da investida tecnológica, conta com um sistema de monitoração eletrônica de última geração. Trata-se do Michelangelo fit station, equipamento que era utilizado pela Nasa para controlar os batimentos cardíacos dos astronautas e prevenir o risco de infarto. Agora reformulado, esse aparelho é acoplado a um cinto e serve para registrar os batimentos cardíacos durante a aula de spinning (bicicleta ergométrica).

Controle – Ao som de um altíssimo bate-estaca, a moçada da academia pedala freneticamente, mas com uma garantia de que sua saúde está sob controle. “O Michelangelo fit station mostra numa tela computadorizada o porcentual do batimento cardíaco que está sendo usado para a atividade física”, explica o professor Gilberto Ambrogi. Isso significa que o computador tem dados sobre o batimento cardíaco máximo de cada aluno e mostra a porcentagem desse total que está sendo usada durante as pedaladas. “Geralmente a aula de spinning requer um porcentual que varia de 60 a 80, de acordo com a velocidade que se está pedalando”, completa Ambrogi. O publicitário Ulisses Dante, 30 anos, se sente seguro com o aparelho. “Não acredito que vou ter um ataque cardíaco, mas o equipamento me ajuda a saber se passo do limite”, diz.

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Mas quem não gosta de parafernálias tecnológicas e acha que pular é coisa para canguru também tem vez no circuito das malhações. A academia Runner, em São Paulo, tem uma aula para aqueles que curtem dançar, mas não querem deixar de fazer ginástica. É a dance mix. Mistura de dança de salão com fitness, essa aula queima cerca de 300 calorias em uma hora a partir de ritmos como salsa, rock, forró e axé.

Outra opção que mistura ginástica com ginga é a aeroca-poeira, combinação de aeróbica com capoeira. Nessa aula o aluno perde em média 350 calorias e trabalha a musculatura das pernas e nádegas. Com tanta novidade, as dobras cultivadas no inverno parecem que não vão mesmo ter vez no verão do ano 2000.


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