Tirar uma boa ideia do papel e inovar de olho no avanço da produtividade para possibilitar a aplicação da Indústria 4.0 em processos produtivos de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). Com esse propósito em mente, a segunda fase da chamada Smart Factory selecionou 18 propostas enviadas do Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo. Juntos, os selecionados receberão R$ 7 milhões para a realização de projetos pilotos de digitalização e conectividade. O resultado foi divulgado nesta sexta-feira (24) na Plataforma de Inovação para a Indústria.

A seleção de propostas que receberão apoio tecnológico e financeiro foi aberta em dezembro do ano passado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). A fase integra o programa Brasil Mais Produtivo e é executada por meio de parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

A execução de cada desafio contará com a coordenação da rede de Institutos SENAI de Inovação e de Tecnologia. “O objetivo é realizar a validação dos projetos desenvolvidos em ambiente real, no processo produtivo das MPMEs com foco no ganho de produtividade, eficiência operacional, rastreabilidade, sustentabilidade, aumento de inovação e competitividade”, explica o diretor de Inovação e Tecnologia do SENAI, Jefferson Gomes.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira Lima, a estratégia de expansão do Brasil Mais Produtivo leva em conta a complexidade da tecnologia com a maturidade da empresa. “O Smart Factory é um ótimo exemplo de que o desafio de desenvolver e difundir soluções tecnológicas relacionadas à digitalização, conectividade, gestão de dados e automação pode e deve ser enfrentado de maneira conjunta.”, avalia.

Para o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Comércio Exterior e Inovação do BNDES, José Luís Gordon, o número de projetos recebidos e aprovados, até o momento, pelo programa demonstra que há demanda na indústria por essas soluções. “No Brasil Mais Produtivo as tecnologias desenvolvidas serão posteriormente aplicadas em Micro, Pequenas e Médias Empresas. O BNDES decidiu apoiar o programa com R$ 20 milhões, 50% do orçamento previsto, porque acreditamos que a iniciativa representa um modelo novo de fomento à difusão de tecnologias da indústria 4.0”, ressalta.

Soluções e resultados 

O conceito de Smart Factory refere-se à aplicação das mais recentes técnicas de automação, digitalização, gestão de dados e conectividade que impactem na eficiência operacional das empresas. Para impulsionar o setor industrial, serão selecionados cerca de 60 projetos para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) de empresas que atuam no setor de soluções para máquinas, equipamentos, sistemas, entre outras áreas. Entre os benefícios, destacam-se:

– Acelerar a difusão de tecnologias relacionadas à Transformação Digital e Tecnologias Habilitadoras em MPMEs;

– Reduzir os riscos e custos de desenvolvimento de novas tecnologias;

– Ampliar a oferta de soluções baixo custo e alto impacto destinado às MPMEs;

– Estimular a demanda/consumo de tecnologias inovadoras nas MPMEs (inserção destas empresas na cadeia de inovação);

– Ampliar o catálogo de fornecedores credenciados nas linhas de financiamento do BNDES: Cartão BNDES, Crédito Serviços 4.0 e Finame Máquinas 4.0.

O valor global da categoria Smart Factory é de R$ 28 milhões, distribuídos em quatro chamadas – terceira e quarta chamadas devem ser divulgadas ainda em 2023. Cada projeto selecionado pode contar com até R$ 800 mil, englobando tanto o desenvolvimento como a implementação da tecnologia nas empresas-clientes. As empresas terão o prazo de 12 meses para desenvolver e validar os projetos selecionados.

Na segunda chamada, 30 propostas foram submetidas, sendo 20 por micro e pequenas empresas, sete por médias empresas e três por grandes corporações. Entre os temas abordados, estão: computação em nuvem, automação e robótica, Internet das Coisas (IoT), manufatura aditiva, computação em borda, machine learning, Big Data e analytics e plataforma de hardware. Na primeira chamada, iniciada em setembro de 2022, 15 propostas foram aprovadas.

Plataforma Inovação para a Indústria

É uma iniciativa do SENAI para financiar o desenvolvimento de produtos, processos ou serviços inovadores, com o objetivo de aumentar a produtividade e a competitividade da indústria brasileira, além de promover a otimização da segurança e saúde na indústria. Criada em 2004, mais de mil projetos inovadores foram selecionados pela plataforma, nos quais foram investidos mais de R$ 940 milhões.