As academias de ginástica eram conhecidas até pouco tempo atrás como templos de exibição de corpos jovens e bem torneados. Hoje, quem se aventurar por esses estabelecimentos vai dar de cara com os garotões e as ninfetas malhadas, mas certamente também cruzará com alunos de cabelos brancos. É cada vez maior o número de idosos que estão trocando o pijama pela bermuda e aderindo à malhação dentro das academias. Na opinião de quem acompanha a evolução do fitness, a principal responsável por essa mudança de comportamento é a informação. “As pessoas estão mais bem informadas sobre os benefícios da atividade física. Os mais velhos estão modificando hábitos de vida”, acredita Márcio de Souza, professor do Fitcor, divisão da Fórmula Academia, em São Paulo, criada para atender alunos que precisam de atenção especial, como portadores de doenças cardiovasculares. Há cerca de 350 frequentadores no programa, a maioria com mais de 50 anos.

Além da informação, outro fator está sendo fundamental para atrair os mais velhos. Aos poucos, as academias tornam-se menos assustadoras e intimidativas a quem não apresenta, digamos, um corpo escultural. “A idéia de que as academias eram lugares só de jovens é coisa do passado. Elas também estão preparadas para receber os mais velhos”, explica o médico Carlos Heitor Bergallo, sócio-diretor da academia carioca Fisilabor. O programa Master Club, oferecido pelo estabelecimento, é um exemplo dessa preocupação em receber bem os que deixaram os 20 anos para trás há muito tempo. O plano é destinado a pessoas com mais de 50 anos e, além de avaliação física, garante condições especiais de pagamento. Nada mais apropriado, já que grande parte desta faixa da população depende de rendimentos mais baixos do que os recebidos pelos jovens.

A atenção especial, porém, não significa segregação. Para os idosos, nada de aulas específicas. Os novos-velhos malhadores são submetidos ao mesmo programa de treinamento dos outros alunos, respeitadas as condições de saúde e de preparo físico de cada um. “É claro que um aluno mais velho geralmente não tem vontade de participar de uma aula de spinning (modalidade feita em bicicletas ergométricas e caracterizada por ritmo intenso)”, afirma Souza, professor da Fórmula. Mas as atividades envolvem exercício aeróbico, musculação e alongamento. O ator Othon Bastos, 67 anos, se submete a um programa que inclui esses tipos de exercícios. Ex-atleta e consciente da importância da atividade física, Bastos se matriculou na Fisilabor há quatro meses e está tão feliz quanto um aluno na sua primeira escola. “Se puder, vou todos os dias. Os professores dão os exercícios na medida certa, nos acompanham. Há um respeito pelos mais velhos, não há competição”, conta.

O melhor é que na briga contra os estragos do tempo, o exercício é um grande remédio. “Com o envelhecimento, há uma tendência de perda óssea e muscular, além de acúmulo de gordura. A atividade física combate esses problemas”, explica o médico Bergallo. Isso sem contar o aumento da auto-estima de quem já se imaginava condenado a passar o resto da vida no sofá. “É gratificante, por exemplo, ver avós que conseguem pegar um neto no colo de novo”, conta Bergallo.