Para muita gente, inverno é sinônimo de aborrecimento. A chegada da estação fria, que dura até setembro, costuma trazer não só gripes e resfriados. Efeitos negativos como sensação de abatimento, melancolia e tristeza tornam-se mais comuns nesta época. Para quem sente que estes são os meses mais longos e penosos do ano, a aromaterapia, ou tratamento a partir de aromas de óleos extraídos de plantas, é um recurso para enfrentar esta fase do calendário que mal começou. Isso porque certas fragrâncias têm a capacidade de melhorar a saúde e o estado de espírito dos que sofrem com o inverno.

Os aromas são como códigos que estimulam o cérebro e preparam o corpo para fabricar determinadas substâncias. O cheiro apetitoso de alguma comida, por exemplo, provoca salivação e atividade do estômago. O odor de determinados produtos químicos afeta o estômago a ponto de causar enjôos. “A aromaterapia é lógica. Se você pensar no gosto do café com canela, nunca terá sensação de verão. Acontece o mesmo com os cheiros”, afirma a terapeuta corporal Joana Catão, uma das sócias da loja paulistana Neal’s Yard, representante da rede inglesa homônima especializada no tema.

Menta – Para os problemas respiratórios típicos da estação, óleos essenciais extraídos de plantas como eucalipto e menta são os mais indicados. Eles podem ser usados de diversas formas (leia quadro) “Para prevenção, é bom adotar óleo essencial de lavanda, que atua também contra o stress e a irritação”, ensina Fernando Amaral, dono da loja Aromagia, de São Paulo. A administradora Selma Lauto, 37 anos, de São Paulo, aprendeu bem essa lição. Desde a infância ela sofre de rinite alérgica (inflamação da mucosa nasal). Há um ano e meio, depois de ter tomado diversos tipos de remédios, Selma recorreu à aromaterapia. “Foi o melhor tratamento. Os óleos cuidam do meu problema e revigoram minha energia”, garante. Agora, ela costuma impregnar a loja onde trabalha com aromas de eucalipto e limão. A editora de publicações científicas Márcia Rinaldi, 31 anos, também escolheu a aromaterapia para cuidar melhor das vias respiratórias afetadas pelos ventos gelados que não poupam nem mesmo o Rio, onde mora. “No começo, não acreditava muito. Demorei seis meses para perceber que estava fazendo bem para minha garganta”, lembra. Por sofrer de sinusite, Márcia abusava de remédios para o nariz. Atualmente, prefere espalhar quatro gotas de tea tree (produzido a partir da destilação das folhas desta árvore australiana) num lenço e aspirar os vapores do óleo. Outros produtos que usa: laranja, eucalipto, capim-limão e lavanda. “Coloco no ambiente. Os óleos têm ação terapêutica e deixam a casa com cheiro legal”, acrescenta.

Escritórios – Mas não são apenas os consumidores que se interessam pela aromaterapia. Existem companhias dispostas a investir no conceito alternativo de tratamento. “Algumas empresas estão aromatizando seus escritórios. Além do cheiro bom, elas querem algo que integre os funcionários e propicie um ambiente amigável”, revela Sandra Spiri, presidente da Associação Brasileira de Aromaterapia (Abraroma).

Outros tipos de clientes também recorrem à terapia. O engenheiro químico Fernando Pinheiro, diretor-presidente da fábrica de essências e óleos naturais Ahura-Mazda, de São Paulo, vende matéria-prima e produtos prontos para perfumarias, casas místicas e até para motéis. “Os óleos de camomila, cravo-da-índia e canela vendem bastante no inverno”, afirma. As razões variam. De acordo com Pinheiro, as flores da camomila aliviam insatisfação, impaciência e aborrecimentos emocionais. O cravo-da-índia combate a melancolia. E a canela, além de ser usada nos casos de infecções, tosse, resfriado e gripe, tem propriedades afrodisíacas. Por esse motivo, é o preferido dos motéis.
Os aromaterapeutas advertem, porém, que o tratamento deve ter acompanhamento sério. “Para obter bons resultados, é necessário consultar um profissional qualificado. O óleo essencial é muito potente e precisa ser manipulado de forma correta”, alerta Sandra. Ela diz ainda que é bom tomar cuidado com o mercado paralelo das essências, boa parte delas sintetizadas em laboratórios. “Os óleos essenciais vêm direto das plantas”, afirma. Segundo Sandra, nem tudo que cheira bem funciona como a aromaterapia, recurso empregado por quem quer ter boa saúde e bem-estar emocional.

Humor – As emoções são uma das vítimas do inverno e objetos de tratamento pela aromaterapia. Em países onde o frio é mais intenso, como é o caso da Inglaterra, aromas típicos da primavera são alternativas para melhorar o humor das pessoas. “Para esquentar um ambiente, os óleos de canela, gengibre e cravo são ótimos. Se você aromatiza uma festa no inverno com eles, todos se sentirão em casa”, explica Joana. Para Maria Mizrahi, diretora do Espaço Magma, que oferece em São Paulo sessões de banho de ofurô com aromaterapia para revigorar os clientes, é bom também sair mais à rua, provar comidas picantes e usar roupas de cores fortes para elevar o ânimo. “No inverno, é importante fazermos algo para melhorar a auto-estima”, diz. “Como estar num lugar tranquilo, com aromas que, no mínimo, façam bem para nossas sensíveis narinas”, aconselha.

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