Ambientalistas de todo o mundo colocam cada vez mais óleo na fervura – e fritam a rede McDonald’s como sendo uma das empresas que menos se comprometem com a preservação ecológica do planeta, sobretudo devido ao combustível convencional utilizado em sua frota de veículos. A poderosa multinacional do fast-food emprega cerca de 1,5 milhão de pessoas e atende diariamente 47 milhões de clientes em 120 países. A sua marca está em oitavo lugar entre as mais valorizadas do mundo (consultoria inglesa Interbrands), sendo tão conhecida a ponto de a conservadora revista The Economist se valer do Big Mac para cotejar o poder de compra entre as nações. Mas há uma pedra no meio do caminho, justamente a questão ambiental: devese a ela, segundo pesquisas recentes, o fato de pelo menos 2,5 mil britânicos dizerem que “odeiam” a marca McDonald’s. A resposta vem agora, dada pelo próprio vice-presidente do grupo americano, Matthew Howe: “Na segunda-feira 8, começaremos a usar o óleo da nossa cozinha como combustível de nossos caminhões. Deixaremos de emitir toneladas de poluentes. Vamos virar esse jogo.”

 

A proposta, vindo de uma empresa que carrega poder, fama e tradição, é o tempero que faltava a uma das alternativas mais comentadas (e defendidas) nos dias de hoje: o biodiesel. Trata- se de um combustível renovável e biodegradável, obtido a partir da reação química de óleos ou gorduras de origem animal ou vegetal, acrescidos com pouco álcool. É capaz de substituir total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em veículos como caminhões, tratores e caminhonetes. Através de pesquisas encomendadas pelo grupo, o McDonald’s, que já adequou o seu cardápio a regras nutricionais, decidiu agora converter imediatamente para biodiesel pelo menos 155 caminhões de sua frota que abastece 900 restaurantes no Reino Unido.

Curioso imaginar que aquele mesmo óleo que está fritando a sua batata servirá de combustível. Inicialmente, a mistura conterá 85% do óleo de cozinha usado em suas lanchonetes (que já é biodegradável) e 15% de óleo de canola puro. O resultado, porém, só ficará claro em números: anualmente o Mc- Donald’s deixará de jogar no ar cerca de 1,6 mil toneladas de carbono. Traduzindo: é como se todos os anos fossem tirados pelo menos três mil carros das estradas inglesas. Essa iniciativa ecologicamente correta, além de ajudar a combater a poluição, também angariará mais simpatia para a marca. Nos primeiros testes se comprovou que o motor de caminhão movido “ao óleo de batata frita” apresenta um rendimento 10% maior (por litro) em relação ao movido pelo diesel convencional – sem contar que o custo do biodiesel de canola chega a ser até 20% menor que o do derivado de petróleo. “Esse é o nosso exemplo de ajuda ao ambiente”, diz Howe.