i69844.jpgEram 10h20 da quarta-feira 15 quando o cavaleiro paulistano Álvaro de Miranda, o Doda, e sua mulher, a amazona grega Athina Onassis de Miranda, entraram na pista da Hípica Paulista. Sob o sol de 32 graus e vestindo trajes de competição, eles se misturaram, anônimos, aos outros 40 atletas inscritos para vistoriar os obstáculos a serem saltados na primeira bateria do Athina Onassis International Horse Show (AOIHS). O evento, organizado pelos dois, está em sua segunda edição. A primeira, realizada em 2007, foi um sucesso de patrocínio, trouxe bons resultados para a equitação brasileira e garantiu extensa cobertura da mídia nacional e internacional. E a atual tem tudo para superar a anterior. Dividida em dez provas, até o domingo 19, e orçada em R$ 14 milhões, já foi paga por 12 patrocinadores e pela venda de ingressos.

Este ano, além de contar com a mesma organização impecável de 2007, o AOIHS é a sede da final do Global Champions Tour, a Fórmula 1 da equitação. "Foi um direito que a gente conquistou depois de impressionar os responsáveis pelas rodadas do campeonato mundial com o evento do ano passado", disse Doda. Como sede da final, o Brasil recebe os 25 melhores atletas do esporte do mundo. Prato cheio, não só para os apaixonados por equitação, mas também para os cavaleiros, uma vez que os prêmios em dinheiro somam R$ 5,4 milhões. "Monto há muito tempo e vim aqui pelo esporte e pelos cavalos", disse Márcia Brandão, que desembolsou R$ 50 para acompanhar da arquibancada a performance dos atletas e dos animais. Mas nem todos estão lá só por amor ao hipismo.

Athina é neta e única herdeira da fortuna do avô, o armador grego Aristóteles Onassis, uma lenda do jet-set internacional, amante de belas mulheres e muita badalação. Mesmo que se mostre avessa às paixões do patriarca – ela faz pouquíssimas aparições públicas e foge da imprensa -, a jovem carrega o legado, o dinheiro e o glamour da família Onassis. E é essa aura de luxo e riqueza que atrai parte dos freqüentadores. Rodrigo Cunha, um carioca radicado em Miami e profissional do mercado financeiro, jura que está lá apenas pelos cavalos. "Eu até queria competir, porque salto e gosto muito do esporte, mas não deu", contou. Resignado, ele adquiriu uma das 135 mesas do evento por R$ 22 mil. A compra lhe permitiu levar sete convidados para acompanhar as competições de uma área privilegiada, protegida do sol e com direito a café da manhã e almoço do Buffet Charlô, um dos mais chiques da cidade. "É bom para levar clientes e colocar a conversa em dia", explica. Fazer negócios? Ele desconversa: "Vim para me divertir."

Enquanto Cunha se deliciava à sombra com versões refinadas de quitutes bem brasileiros, como picadinho e cocada, quem saltava sofria sob o sol escaldante da primavera paulistana. Pouco depois de participar da primeira bateria de quarta-feira, o holandês Jos Lansink exibia o rosto desfigurado pelo calor. "Mas prefiro assim à chuva", brincou, para depois revelar que os cavalos europeus estranham a temperatura alta. Lansink precisa ser especialmente cuidadoso com seu animal, o Cavalor’s Cumano, estimado em US$ 5 milhões (R$ 10,8 milhões). "Ele não está à venda, mas vale mais ou menos isso."

Longe das cocheiras, forradas com cerragem importada e isoladas do público, quem quisesse podia passear por um pequeno shopping recheado de grifes estreladas. "Comprei só um coletinho para usar quando monto", conta Fabíola Bumaruf, uma designer de 37 anos que desembolsou R$ 390 pela peça, desenvolvida exclusivamente para o evento pela Daslu. Na loja vizinha, da marca de relógios suíços Rolex, um modelo de R$ 86 mil é o Cumano das horas. "Ele não está à venda. É só mostruário", comenta a responsável pelo showroom. Pequenos grupos de crianças se juntam na praça das lojas, como fazem em centros de compras da capital. Apesar da competição ser o centro das atenções, a AOIHS parece ter se tornado um evento em si. Com ou sem os cavalos. "Estamos muito felizes. A Athina saltou bem e fiquei satisfeito com meu desempenho" disse Doda, sobre a primeira bateria, anunciando que renovou o contrato com a Global Champions Tour até 2012.