Já tempos não se ouvia falar tanto em festas black-tie. Antes restritos a aniversários de debutantes do interior, os tradicionais smokings e vestidos longos sofisticados só eram vistos em casamentos milionários, festas para poucos ou bailes do Copacabana Palace. Por aí. Agora, até eventos envolvendo o bom e velho rock’n’roll exigem a gravatinha borboleta. Na festança de inauguração do Rock in Rio, por exemplo, deu de tudo.

A emergente carioca Vera Loyola a-do-rou a festa roqueira chique. “Como sabia que haveria a mistura de artistas e gente da sociedade, eu optei por um modelinho básico”, disse ela. “Acho um charme usar black-tie e só fazendo festas como essas a juventude poderá conhecer o glamour de um baile de gala.” O basiquinho de Vera era assinado por Jean Paul Gaultier e seu marido vestia um smoking Giorgio Armani. Nem todos, é claro, podiam acompanhar esse compasso. A maioria dos homens ainda aluga smoking, do colarinho aos pés, como o ator Rodrigo Santoro. “Me sinto preso nessa roupa apertada”, desabafou ele. Enquanto uns se divertiam e outros se incomodavam, a loja Só a Rigor festejava. Afinal, acostumada a alugar 40 smokings por semana, naquela noite alugou 300 trajes que variavam de R$ 60 a R$ 250.

O mesmo boom aconteceu na festa da revista Vogue, em São Paulo. O Jockey Club paulista lotou com seis mil pessoas vestidas a rigor e outros nem tanto. Faltou smoking para alugar na cidade. Entre essa multidão, estava o VJ da MTV, Max Fivelinha. “Nunca tinha usado smoking na vida”, contou. “Não consegui usar camisa branca. Parecia um garçom, um pinguim de geladeira. Horrível!”, afirmou. A solução foi colocar uma camisa preta, grande, toda grampeada atrás. “Fui dançar, comecei a suar e não podia tirar o paletó.” Apesar de, no final, ter se achado um luxo, Max , que não tirou os óculos escuros – outra bossa da noite – tem as suas restrições. “Música tecno não combina com smoking nem com o Brasil. Mas estou louco para ir a outra festa dessas.”

Se os jovens se assustam com a nova moda, os adultos se encantam. O playboy Chiquinho Scarpa emenda cerca de oito festas de gala por mês. “Tenho três smokings, um de lã, outro mais leve e um summer.” Ele acha que o smoking é prático. “Quando pedem traje passeio, fico horas combinando gravata, sapato e lencinho. Se é gala, coloco o meu smoking e estou pronto. Já as mulheres sofrem mais na produção.”

Verdade. Para elas é mais difícil. Qualquer erro pode ser fatal. A mulher não pode se enfeitar demais, nem ser simplesinha. A dica certa, no caso de dúvida, é apelar para o eterno longo preto com fenda. A windsurfista Dora Bria ama se arrumar. “É bom liberar o meu lado perua”, diz ela num longo de cobra. “Mas tem de ter cuidado para não exceder.” Já a produtora de eventos Rosana Beni adverte: “Os anfitriões devem deixar claro qual o traje da festa e defini-lo com antecedência para a pessoa se preparar.”