A guerra do futuro

Caiu como uma bomba no setor de telefonia o relatório da Merrill Lynch divulgado esta semana. Segundo os analistas da corretora americana, só haverá espaço no Brasil para quatro companhias telefônicas após 2003, quando acaba a reserva para mercados regionais e para faixas de frequência estabelecidas pela Lei das Privatizações. Hoje, o Brasil tem 24 companhias telefônicas, sendo 19 de celulares, três de aparelhos fixos e duas para longa distância. Se a Lynch estiver certa, 20 dessas companhias simplesmente vão-se acabar. Por conta disso, começou uma guerra de vida e morte no setor envolvendo lobistas de todos os tipos que estão invadindo Brasília à procura do cobertor do governo federal, de políticos poderosos e dos fundos de pensão. O ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, e o presidente da Anatel, Renato Guerreiro, andam preocupadíssimos. Vão sofrer pressões de todos os lados.

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Inteligência lenta

Anda devagar a Agência Brasileira de Inteligência. Seu chefe, o general Alberto Cardoso, mandou no dia 14 uma carta ao governador de Minas, Itamar Franco, informando que havia risco de invasão do MST na fazenda de FHC. Postou a carta no dia seguinte, expedida nos Correios como correspondência normal. Dois dias depois, 17 de julho, ela chegou ao Palácio da Liberdade. Mas no dia 16 já tinha ocorrido a encrenca e o Exército teve de cercar a fazenda sem que o governador soubesse de nada.
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O otimista

Todos pensavam que era de Sérgio Werlang, diretor de Política Econômica do Banco Central, o voto solitário pela queda nos juros que constava das atas das reuniões de maio/junho do Conselho de Política Monetária (Copom). Mas agora o mistério foi rompido: o voto era do presidente do BC, Armínio Fraga. Werlang, coitado, que tem fama de ser do contra, saía das reuniões reclamando: “Vão dizer que sou eu.”
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Composição explosiva

Tem tudo para haver encrenca na subcomissão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado encarregada, por enquanto, de investigar o escândalo Eduardo Jorge. O PFL tem dois representantes nela, um deles o senador Romeu Tuma, que o juiz Nicolau-lau-lau aponta como seu ex-grande-amigo. O PMDB tem três representantes. Um deles, Ramez Tebet, também arrolado nas denúncias. O outro, Amir Lando, é aquele que relatou a cassação de Fernando Collor. O terceiro, Renan Calheiros, está a fim de arrebentar com o governo.

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Estilo Maciel

Casamento da neta de ACM, em Salvador. Um repórter educado, antes de perguntar sobre o escândalo Eduardo Jorge, pediu autorização. Jorge Bornhausen disfarçou e não respondeu, Inocêncio Oliveira, falou minutos a fio, gaguejando e tentando não fazer qualquer declaração inoportuna. Marco Maciel não titubeou: “Meu filho, falo tudo com você na segunda-feira.” Virou-se e foi embora.

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Rápidas

* Em Brasília, circulou o boato de que ACM teria viajado para lugar desconhecido para cuidar da saúde. Nada disso. A cúpula do PFL descobriu que ele está na Espanha. E feliz.

* Depois que o ministro Raul Jungmann propôs uma aliança PSDB-PPS para 2002, o PFL já começou a articular um corte de verbas da reforma agrária no próximo Orçamento.

* Não convidem para a mesma mesa os petistas Aloizio Mercadante e Milton Temer. Estão em pé de guerra desde que Temer entrou com ação pela cassação de FHC.

* Procuradores do Banco Central deixaram o chefe Armínio Fraga tiririca. Estão defendendo que não dá para Tereza Grossi permanecer no cargo sob processo judicial.

“Agora nenhum candidato vai querer o apoio de FHC’’
Do deputado petista Milton Temer, festejando a onda de escândalos em torno de Eduardo Jorge

Por Tales Faria