Após uma investida promissora no mundo da animação com o grandioso O príncipe do Egito e FormiguinhaZ – que tinha como figura principal uma formiga neurótica, dublada por Woody Allen –, a DreamWorks retrocede em sua tentativa de acrescentar algo inovador no gênero. O caminho para El Dorado (The road to El Dorado, Estados Unidos, 2000), em cartaz nacional, repete à risca a fórmula consagrada pelos estúdios Disney. Desta vez, ao contrário do delicioso FormiguinhaZ, os adultos encontrarão poucas chances de se divertir. Mas as crianças não vão reclamar. Da abertura videoclipada aos personagens simpáticos, passando pelas infindáveis cantorias compostas por Elton John, tudo é muito açucarado. Sem correr riscos, a DreamWorks doura a pílula com sua cartilha ingênua. Resgata o esplendor das antigas civilizações, incrustadas no México e na América Central, e revive a mitologia da cidade de Eldorado, espécie de paraíso terrestre.

Ainda que o personagem mais inteligente seja um cavalo chamado Altivo, a história gira em torno de dois malandros espanhóis, Tulio (voz do ator Kevin Kline) e Miguel (voz de Kenneth Branagh), que descobrem El Dorado por acaso. Confundidos com deuses, aproveitam a situação e se metem no meio de nativos como a curvilínea e insinuante Chel, o Chefe boa praça e o sacerdote mau-caráter Tzekel-Kan. A escolha das vozes destes personagens coube a atores americanos que têm identificação com a comunidade hispânica, a quem o filme pretende agradar. Ou seja, até a sabida diplomacia da Disney a DreamWorks está imitando.