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O promotor Marcos Mousinho afirmou nesta sexta-feira que a Polícia Civil de Alagoas não investigou as mortes do empresário Paulo César Farias e da namorada dele, Suzana Marcolino, e já pressupôs que o caso se tratava de um homicídio seguido de suicídio. Desde as 8h30, Mousinho apresenta os argumentos do Ministério Público nos debates finais do julgamento dos quatro policiais militares acusados de envolvimento no crime. "Não colheram amostras das mãos das outras pessoas que estavam na casa. Não fizeram isso porque a mente de peritos e investigadores já estava voltada para uma única versão: a de que Suzana matou PC e se matou", disse.

Mousinho também criticou o argumento de que não foi feita perícia nas mãos dos PMs porque poderia haver resíduos de pólvora pelo fato de que eles manuseiam armas em suas funções. O promotor admitiu que esses resíduos ficam na pele por vários dias, mas defendeu que os réus tivessem passado por exames residuais.

"A possibilidade de se descobrir quem foi o autor material do crime já foi sepultada naquele dia", afirmou. O promotor havia afirmado, no início de sua fala, que o objetivo da acusação era provar que tanto PC Farias quanto Suzana foram assassinados. "Tentarei convencer os senhores (jurados) de duas coisas aqui: a primeira é que houve duplo homicídio, e a segunda é que os réus tinha a obrigação de proteger a integridade física de quem eles faziam a segurança", disse Mousinho.

Tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, PC Farias era apontado como uma das pessoas mais próximas do então presidente. Ele foi denunciado por sonegação fiscal, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. Respondem pelas mortes Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva.

O crime

Os PMs trabalhavam como seguranças de PC Farias e são acusados de homicídio qualificado por omissão. Paulo César Farias e Suzana Marcolino foram assassinados na madrugada do dia 23 de junho de 1996, em uma casa de praia em Guaxuma. À época, o empresário respondia a vários processos e estava em liberdade condicional. Ele era acusado dos crimes de sonegação de impostos, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. A morte de PC Farias chegou a ser investigada como queima de arquivo, já que a polícia suspeitou que o ex-tesoureiro poderia revelar nomes de outras pessoas que teriam participação nos mesmos ilícitos.

Entretanto, a primeira versão do caso, que foi apresentada pelo delegado Cícero Torres e pelo legista Badan Palhares, apontou para crime passional. Suzana teria assassinado o namorado e, na sequência, tirado a própria vida. A versão foi contestada pelo médico George Sanguinetti, que descartou tal possibilidade e, mais tarde, novamente questionada por uma equipe de peritos convocados para atuar no caso. Os profissionais forneceram à polícia um contralaudo que comprovaria a impossibilidade, de acordo com a posição dos projéteis, da tese de homicídio seguido de suicídio.