Os seis telefones da Prefeitura de Ariquemes, em Rondônia, tocaram incessantemente na tarde da última quarta-feira, no horário de expediente. Ninguém atendeu. Era a reportagem de ISTOÉ tentando falar com o prefeito Francisco Duarte Azevedo (sem partido), o último colocado na pesquisa realizada pelo Instituto Brasmarket em 422 municípios. Não se sabe por onde os administradores de Ariquemes andavam. O fato é que para Azevedo recuperar algumas posições nos últimos meses de seu mandato, o mais prudente seria usar as horas vagas longe do gabinete para perambular pela cidade, no corpo a corpo com a população, como fazem os campeões de popularidade da pesquisa.

“Já visitei todas as salas de aula da minha cidade”, orgulha-se Wander Borges (PSB), prefeito de Sabará (MG), o quinto na preferência dos entrevistados. As saídas às ruas, porém, só funcionam para os que estão de bem com o eleitor. Borges conta que duplicou o número de vagas na rede de ensino e reduziu o custo fixo da prefeitura, usando, por exemplo, o próprio carro para trabalhar. A mesma fórmula foi usada em São Gonçalo do Amarante (RN), cujo prefeito Francisco Potiguar (PMDB), o Poti, reduziu sua renda e a de seus secretários em 30% para sanear as contas. Resultado: é o administrador mais querido do País, segundo a pesquisa. Poti e os outros quatro primeiros colocados são candidatos à reeleição e lideram as pesquisas de intenção de voto.

O Instituto Brasmarket ouviu 211 mil pessoas em todo o País para a pesquisa concluída em abril deste ano. A classificação tem como base o Fator de Excelência Administrativa (FEA), calculado a partir da soma dos resultados positivos da qual se subtraem os negativos. Para cada um dos sete conceitos que podem ser atribuídos a uma administração é dado um peso: o porcentual de ótimo é multiplicado por 4; de bom, por 3; de regular positivo, por 2; de regular, por 1; regular negativo, por -2; de ruim, por -3 e de péssimo, por -4. A qualidade da gestão, portanto, é avaliada sem riscos de distorções.

Nenhuma capital do País tem sua administração municipal entre as 20 primeiras colocadas. O resultado da pesquisa derruba a idéia de que as prefeituras de grandes municípios, com dinheiro disponível para gastos em propaganda e realização de obras faraônicas, têm mais chances de agradar a população. É o caso de São Paulo, onde o prefeito Celso Pitta (PMN) ficou em último lugar no ranking feito só entre as capitais. Nessa tabela o primeiro colocado, Alfredo Nascimento (PL), prefeito de Manaus, tem um FEA equivalente à 23ª colocação na tabela das demais cidades. Para Ronald Kuntz, diretor-presidente da Brasmarket, isso é prova de que um dos fatores mais importantes para a aprovação de um governo é a percepção, por parte do eleitor, de que o administrador está preocupado em resolver os problemas da cidade. “A maioria das prefeituras com alta aprovação é de municípios pobres. O povo sente que o prefeito está presente e sabe que ele não pode resolver todos os problemas”, avalia.

A política do “pé na estrada” também se aplica aos governos estaduais. Roseana Sarney (PFL), governadora do Maranhão, é a mais querida do País e ensina: “O administrador não pode ficar trancado no gabinete. Tem de sair para a rua, conhecer os problemas do povo.” Roseana descentralizou o governo, acabando com as secretarias e criando 18 gerências no Estado. Se rezarem pela cartilha de Roseana, o governador que menos agrada, José Bianco (PFL), de Rondônia, e o prefeito Pitta talvez se saiam melhor nas próximas pesquisas.

 

A diretriz foi baixada após o PSDB de 20 municípios do Estado ter realizado suas convenções e coligações. Desses 20, 14 tiveram aprovadas as coligações com a oposição. “Essa resolução não tem valor jurídico. Não nos avisaram nada, não discutiram o critério. Eles querem indicar o vice. Escolhi César Colnago (PPS) por ser meu braço direito e unir a frente em torno de seu nome”, disse Luiz Paulo. O nome de Colnago foi amplamente negociado no diretório municipal e com os partidos coligados. “O que estão fazendo é golpe. O PPS é aliado histórico de Vitória e, assim como o PDT, faz parte do nosso governo.” Luzia Toledo rebate: “O que a Executiva estadual não aceita é a forma como a chapa foi composta. Não é a participação do PPS.”

Para Luiz Paulo, a decisão de levar aos tribunais uma decisão tirada e aprovada em convenção é resultado de uma “política atrasada que não serve aos interesses da população” e, principalmente, uma reação à ala tucana que está voltada a gestões de resultados. Vitória é a principal vitrine do PSDB no que se refere à administração municipal, que tem a reeleição do prefeito praticamente assegurada. Luiz Paulo conta com mais de 70% de aprovação e 51% das intenções de voto. Mas isso não é suficiente para apaziguar o partido. O imbróglio envolveu a Executiva nacional tucana. Na terça-feira 11, o secretário-geral do PSDB, deputado Márcio Fortes (RJ), se reuniu com o prefeito e a regional do partido. Saiu da mesma forma que entrou, sem um proposta de consenso. A possibilidade de o vice do PPS se aninhar aos tucanos e assinar a ficha do PSDB após as eleições não convenceu. O caso deve acabar no TRE ou, na pior das hipóteses, no TSE, empurrando, com isso, o prefeito para fora do partido. Luiz Paulo não abre mão do vice e recorrerá a todas as instâncias. “Quando batem em mim, estão batendo e tentando excluir do partido uma ala que quer a modernidade, o desenvolvimento de políticas públicas, não-assistencialistas”, explica Luiz Paulo. A estrutura do problema da exclusão – defende o prefeito – deve ser atacada com ações eficazes a fim de dar cidadania a famílias que vivem à margem da sociedade.

A polêmica em Vitória chegou ao Planalto. Quando as negociações de Luiz Paulo com a frente já davam como certa a escolha do vice do PPS, a luz vermelha acendeu no PSDB. O governador José Ignácio foi a FHC e ameaçou deixar o partido. Seu périplo pelo Senado e ministérios dividiu a Executiva Nacional. O ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga e o senador Sérgio Machado estariam acolhendo a tese do governador, a qual Vitória estaria mais para o PPS de Ciro Gomes e do senador capixaba e ex-prefeito da cidade Paulo Hartung, candidatíssimo ao governo do Espírito Santo, do que para os nomes do PSDB. Há um ano, quando Hartung foi para o PPS, Luiz Paulo, prevendo problemas com o governador José Ignácio e tradicionais políticos da região como os Camata (Gerson e Rita) e os Álvares (Élcio) esteve com FHC. O presidente pediu para que ele não seguisse os passos do senador. Garantiu que sua reeleição estaria assegurada e chegou a chamar o presidente do partido Teotônio Villela para tratar pessoalmente do assunto. Luiz Paulo manteve-se no PSDB.

O prefeito nega a tese do governador, mas não esconde sua antiga afinidade e amizade com o senador e Ciro Gomes. O prefeito defende dois nomes para a sucessão de FHC: José Serra ou o Tasso Jereissati. Ele adverte que após as eleições municipais, o PSDB deveria divulgar e seguir um cronograma visando a sucessão de FHC. “Ela já está nas ruas e não podemos cruzar os braços. O Serra, com quem me identifico muito, é da corrente desenvolvimentista, talvez seja o mais bem preparado para ser presidente.” Quanto a Tasso, Luiz Paulo ressalta que a moderna política pública implantada por ele no Estado aposentou as oligarquias regionais e tirou o Ceará da condição de Estado periférico. “Esse modelo é muito animador para o Espírito Santo. Deixar de ser periférico se rompe com o tradicional”, provoca.