Pelo terceiro mês consecutivo, o livro Harry Potter e a pedra filosofal lidera as listas de obras de ficção mais vendidas no Brasil. Dedicado ao público infanto-juvenil, a obra de estréia da escocesa J. K. Rowling cativou uma legião de adultos e tornou-se o maior fenômeno editorial de todos os tempos, originando três continuações. No Brasil, apenas o primeiro título está disponível. Seu sucesso coincide com o crescimento do interesse pela alquimia. A partir da página 180 do best seller, o pequeno protagonista, aprendiz de feiticeiro, tenta impedir o professor Snape de roubar a cobiçada pedra filosofal, guardada por um terrível cachorro de três cabeças. Tudo o que Harry sabe sobre o objeto foi encontrado em um livro: “O antigo estudo da alquimia preocupava-se com a produção da pedra filosofal, uma substância lendária com poderes fantásticos. A pedra pode transformar qualquer metal em puro ouro”, diz o texto. Às portas do terceiro milênio, o personagem criado por Rowling não está sozinho. Alquimistas de carne e osso podem ser encontrados por aí. Aproveitam o esoterismo da geração Paulo Coelho para atrair novos seguidores da “filosofia hermética”.

Para o alquimista, toda matéria é composta por diferentes proporções de alguns elementos fundamentais. Na Grécia antiga, falava-se em quatro: fogo, terra, água e ar. Mais tarde, os alquimistas elegeram três: mercúrio, enxofre e sal. Segundo os iniciados, a diferença entre uma cadeira e um papagaio deve-se à variação na quantidade de cada ingrediente. Aquele que conseguir produzir uma pedra filosofal será capaz de manipular os elementos constituintes da matéria e alterar a forma dos objetos. Assim, a transmutação de qualquer metal em ouro seria perfeitamente possível.

Livre das metáforas e dos símbolos ocultos, o alquimista se debruça, n

a verdade, sobre a condição humana. O objetivo é conhecer a própria essência e atingir um estado elevado de consciência que o torne capaz de melhorar sua vida. “Todas as coisas têm um único espírito. É o pensamento que as separa e as torna individualistas”, explica Alberto Magno, autor do livro Iniciação à alquimia, lançado em maio pela editora Nova Era. Filho do ator Jece Valadão e sobrinho do dramaturgo Nelson Rodrigues, Magno se dedica a decifrar os mistérios das ciências ocultas e promover a elevação espiritual por meio de experiências alquímicas. “A alquimia é uma ciência de transformação psicológica profunda do ser”, esclarece.

Em São Paulo, o Instituto Solaris oferece cursos de Alquimia para cerca de 30 alunos. Em quatro anos, os estudantes concluem a iniciação. Mas, assim como Sônia Mountian, dona da escola, nem todos chegam ao último patamar da evolução. “O verdadeiro alquimista atinge a vida eterna e se alimenta a cada 40 dias, já que ele e o alimento são a mesma coisa”, diz.

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Fenômeno editorial

 

 

 

Três anos após o lançamento de Harry Potter e a pedra filosofal, acaba de ser lançado nos Estados Unidos e na Inglaterra o quarto título da série mais bem-sucedida de todos os tempos. Perante os olhos arregalados de uma multidão de pais e filhos, toda a primeira remessa de Harry Potter and the globet of fire (Harry Potter e o cálice de fogo – editora Scholastic, 734 págs., US$ 25,95) desapareceu das lojas de Nova York. A zero hora do sábado 8, algumas livrarias da cidade abriram suas portas e receberam filas que davam voltas nos quarteirões. Às 11 horas da manhã, não se encontrava um único livro nas prateleiras: mais de 500 mil exemplares haviam sumido. Com eles, todas as dúvidas quanto ao sucesso do personagem criado por J. K. Rowling.

A série – que ainda promete outros três títulos – transformou-se no maior fenômeno editorial da história. Os primeiros três volumes já venderam 30 milhões de cópias e permanecem há 81 semanas na lista dos 10 livros mais vendidos publicada no jornal The New York Times. Mesmo antes de lançado, o novo título já era o campeão de reservas na mega-livraria eletrônica Amazon.com há 16 semanas, com 282.650 pedidos. “Em 30 anos no mercado, nunca vi algo parecido”, garante Joshua Kaplan, da livraria Barnes & Noble.
Quem tirou este gigantesco coelho da cartola foi a escocesa J. K. Rowling. Até 1995, ela passava as tardes à mesa de um café londrino para escrever sua primeira obra, enquanto a outra mão embalava o carrinho da filha, Jéssica. Divorciada, Rowling suava para criar a menina, transformando em ouro seu minguado salário de professora primária. Em 1997, o livro foi lançado no Reino Unido e vendeu rapidamente 150 mil cópias, acabando com a sua preocupação financeira. Nos Estados Unidos, apenas como adiantamento para este último título, ela recebeu US$ 10 milhões. Agora, só falta a crítica literária se render ao fenômeno e deixar de derramar seu fel sobre a autora.

Em Cálice de fogo, o herói de 14 anos novamente se defronta com seu mortal inimigo, Lord Voldemort. Logo nas primeiras páginas, o vilão mata impiedosamente um velhinho inocente, veterano de guerra semi-aleijado. As coisas só pioram a partir daí. Há um campeonato mundial de quidditch, uma mistura de rúgbi e críquete, disputada com várias bolas e sobre vassouras voadoras. Sob o olhar da violenta torcida, a seleção da Irlanda vence a Bulgária em uma batalha sangrenta. Aprende-se, também, que no Brasil existe uma escola de bruxaria nos moldes de “Hogwarts”, o internato onde Harry estuda. O resto é melhor permanecer secreto. Só quem realizar o milagre de conseguir um exemplar vai poder conhecer a grande obra feita por Rowling.


Osmar Freitas Jr.


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