Bonito, a três horas de carro de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, acaba de entrar para o calendário de festivais de inverno do Brasil. Não por que exista previsão de neve no Pantanal. Nesta época do ano, a temperatura na região não ultrapassa os 20 graus. Mas o governo do Estado decidiu inserir o paraíso ecológico na programação de eventos organizados para a estação. Quem for a Bonito, entre os dias 21 e 30 de julho, terá uma agradável surpresa. Além das centenas de cachoeiras, lagos, rios de água cristalina, cavernas, grutas, paredões, peixes coloridos e animais selvagens, os turistas vão poder curtir uma série de atrações culturais na cidade. A idéia é combinar mato e arte, com shows, teatro, cinema, vídeo e exposições.

A cidade – que pela primeira vez oferece atrações desse tipo aos visitantes – está movimentadíssima. Caminhões não param de chegar, transportando lona, madeira, estruturas metálicas. O festival será realizado num terreno de cinco mil metros quadrados. Terá um circo com arquibancadas para quatro mil pessoas, camarins e palco e um cinema ao ar livre amparado em dois ônibus. Um irá sustentar uma tela de tamanho convencional e o outro, a parafernália de projeção. Entre os dois, serão montadas arquibancadas para 1.500 pessoas. Haverá ainda uma tenda para exposições e, ao lado dela, ficará a praça de alimentação, com 15 estandes vendendo iguarias típicas, não só do Mato Grosso como dos vizinhos Paraguai e Bolívia. Os organizadores recomendam que ninguém volte para casa sem provar as especialidades da região: a chipa (pão de queijo com polvilho), a linguiça de Maracaju e o licor de pequi (fruta que parece uma ervilha, verdinha e doce).

A programação começa cedo e entra pela noite. A melhor parte são os shows de estrelas como Zizi Possi, Luís Melodia, Almir Sater, Hermeto Paschoal, Adriana Calcanhoto e João Bosco. Vão dividir o palco com grupos folclóricos da região, como Chalana de Prata e a violeira Helena Meireles. Haverá também espetáculos de mímica, de acrobacia e de dança colombiana; teatro de bonecos; de rua, com o grupo paulista Parlapatões, Patifes e Paspalhões; vídeos; filmes, como Bossa Nova, Orfeu, Terra estrangeira e O dia da caça; exposições de fotos e artes plásticas. É preciso pagar para apreciar quase todas as atrações naturais de Bonito. O festival também terá um custo. Os ingressos para cada atividade vão custar de R$ 5 a R$ 12.

A Secretaria de Turismo investiu R$ 700 mil no evento, R$ 200 mil bancados pela iniciativa privada. “Vai ser a maior festa do Estado. Mato Grosso do Sul vai fazer parte do corredor cultural do Brasil”, aposta Andrea Freire, uma das coordenadoras. Nessa época do ano, Bonito recebe em torno de 20 mil turistas. O governo quer dar mais um motivo para eles voltarem à cidade. Também está de olho na população dos municípios vizinhos. “Muita gente da região nunca foi ao teatro ou ao cinema”, afirma Andrea. Espera-se, entretanto, que toda essa festa não macule o pequeno paraíso ecológico.