Como as popozudas do grupo É o Tchan, eles também empinam e rebolam o bumbum. Deslizam a mão sobre o corpo perfeito, musculoso. Simulam caras e bocas como se estivessem a um passo do orgasmo. Fazem pose de bad-boys e um deles finge empunhar um revólver. “Bang bang”, sussurra. Os movimentos são ritmados pela batida rápida de hits techno. Quatorze homens alternam-se em apresentações solo, vestindo apenas uma calça de couro preta. A introdução para o show é um vídeo dos melhores ângulos do “bailarino” acompanhados de ficha técnica: idade, medidas, signo, frases como “a persistência tem tudo a ver comigo”. Eles são go-go boys. Por cachês que variam de R$ 50 a R$ 100, dançam em discotecas hetero ou GLS (para homossexuais, lésbicas e simpatizantes). Carregam o rótulo de gays ou garotos de programa. Muitos, porém, garantem que são “machos para valer” e exibem namoradas. Eles querem ser chamados de “dancers”, sair do roteiro da noite e ficar famosos. Na segunda-feira 10, o sonho virou realidade para alguns. O I Concurso Go-Go Top do Brasil, promovido na boate Gitana, em São Paulo, elegeu os quatro melhores go-gos do País.

O júri baseou-se em dois critérios: estética e performance. No palco, os finalistas suavam para mostrar mais que um corpinho bonito. No camarim, faziam exercícios de flexão enquanto o público se divertia. Mulheres se abraçavam, senhores de aparência respeitosa assediavam garotões. A aposentada Neuza Paschoalato, 74 anos, avó do go-go Henrique, 19 anos, estava animadíssima. “Hoje tem muita liberdade, né? Mas achei meu neto lindo no palco.” Henrique, mecânico de carros antigos, levou o terceiro lugar. “Devo tudo ao apoio da família”, disse. O go-go top da noite foi o modelo Adriano Heck, 24 anos. Ele faturou uma viagem a Nova York, com direito a apresentação na boate Webster Hall, uma das preferidas da cantora Madonna. “O go-go merece mais atenção. Só aparece mulher pelada na tevê e o público feminino fica constrangido em admirar homem nu. Isso tem de mudar”, reclamou o novo Adônis. A organizadora do evento, Sheila Mascarenhas, já tem planos para os premiados. Promete transformá-los num grupo musical e dançante. “Chegou o momento de explorar o corpo e a beleza deles”, decreta.