Inverno é tempo de subir a serra. Nada de ficar horas dentro do carro para alcançar Campos do Jordão. Há passeios a serem feitos aqui mesmo na capital. Levar a família até a Cantareira pode ser uma ótima opção para o domingo. Com 80 km2 de extensão, a maior reserva florestal urbana do mundo recebeu da Unesco o título de Patrimônio da Humanidade em 1994 e, desde então, espera a aprovação da lei estadual que regulamenta o controle e a fiscalização do território. Por enquanto, dois parques dividem a paisagem. Um é o Parque Estadual da Cantareira, com um terço da área. O outro é o Parque Estadual Alberto Löfgren, conhecido como Horto Florestal, onde uma vasta gama de espécies vegetais é pesquisada e comercializada.

Imagens da serra constituem a iconografia reunida no livro Cantareira – patrimônio arquitetônico e natural, idealizado pelo músico e tradutor Malcolm Forest e lançado no início do mês pela Imprensa Oficial e pelo Arquivo do Estado. Todas as fotos foram inscritas no concurso Raízes da Vida, proposto pelo ambientalista Mauro Victor em 1998, por fotógrafos amadores ou profissionais. Forest, jurado do concurso, teve a idéia de transformar parte do acervo em livro. Ele considera árdua a tarefa de defender a Cantareira do avanço da metrópole, responsável por espalhar depósitos de lixo, cemitérios de automóveis e loteamentos clandestinos ao redor dos limites protegidos. “O Parque Estadual da Cantareira está cuidado. O problema são os outros dois terços da reserva que sofrem com o descaso da administração pública”, avalia.

A menos de dez quilômetros da praça da Sé, o parque conta com a inestimável presença de capivaras, bugios e macacos-prego, além de inúmeras espécies vegetais da Mata Atlântica. É composto por três núcleos de visitação. O da Pedra Grande, aberto em 1989, abriga a sede administrativa e trilhas ecológicas. A menor, com 1.200 metros, é toda margeada por altas figueiras, e a maior, com 9,5 quilômetros, termina no ponto mais alto do local. Já no núcleo do Engordador, é possível cruzar cachoeiras de pequeno porte e caminhar entre os canos do antigo sistema de abastecimento da Sabesp. Há ainda o núcleo Águas Claras, localizado no município de Mairiporã.
Muito mais velho, o Horto Florestal nasceu em 1896, fruto do empenho do naturalista sueco Alberto Löfgren. Acostumado à monotonia da paisagem de sua terra natal, Löfgren encantou-se com a biodiversidade nativa. Seu objetivo era estudar as espécies vegetais da região e criar um viveiro de plantas. Hoje, o Parque Estadual recebe seu nome e virou local de lazer.