A televisão do século XXI não tem limites. O mais novo exemplo é o provocativo seriado Dexter, que o canal a cabo Fox estréia no Brasil. Seu protagonista é um especialista forense em amostras de sangue que age também como um serial killer. Doutrinado pelo pai adotivo, ele canaliza sua compulsão para o "bem": matar criminosos. Poucas vezes esse tipo de matador foi retratado de forma tão verdadeira em sua complexidade, impondo um desafio ao espectador, ao mesmo tempo atraído e repelido por sua figura.

Para o ator Michael C. Hall, que interpreta Dexter, uma das razões do sucesso do seriado é a narração em off que apresenta o olhar do personagem. "Isso faz do espectador um cúmplice de um jeito que ninguém mais no mundo de Dexter é", diz. A identificação é maior no caso de um serial killer justiceiro. "Esses serial killers executam nossa fantasia de justiça. A diferença é que fantasiar não é crime, mas matar, sim", diz a especialista Ilana Casoy. Num país como o Brasil, em que tantos crimes ficam impunes, tal desejo passa pela cabeça de muita gente. Sorte que, para o bem de todos, o assassino Dexter tenha permissão para agir apenas na ficção.