A solidão do poder

Circula em Brasília que o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas chorou quando viu uma entrevista de FHC afirmando que os dois nunca foram amigos. Na quarta-feira 12, a demissão do presidente dos Correios, Egydio Bianchi, que foi ordenador de despesas de campanha de FHC, engordou a lista de amigos degolados. Um grupo encabeçado pelo ex-presidente Itamar Franco, que bancou Fernando Henrique como seu sucessor, passa por ex-assessores no Palácio do Planalto, como Xico Graziano e Júlio César dos Santos, e pelo colega intelectual José Arthur Gianotti, afastado do Conselho Federal de Educação, chegando a ex-ministros, como Celso Lafer, Bresser Pereira, Clóvis Carvalho, Mendonça de Barros e José Carlos Dias. Todos velhos companheiros de FHC. Outra curiosidade: Egydio, Eduardo Jorge e Bresser compunham o comando da última campanha junto com Euclydes Scalco, que se preservou da degola recusando um ministério. Afinal, um presidente tem de pensar no País, não nos amigos.

…………………………………………………………………………………

Disquete? Que disquete?

De passagem por Brasília
para um encontro com FHC,
a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, lembrou que deixara com o Eduardo Jorge seu disquete com o comportamento de todos os parlamentares no impeachment do ex-presidente Fernando Collor. O ex-ministro usou o levantamento para trabalhar votos no Congresso pela reeleição. Aflita, Roseana disse ao marido, Jorge Murad, que precisavam pegar a lista de volta. Murad coçou a cabeça: “Esquece esse negócio de disquete e de Eduardo Jorge. Vão acabar misturando os assuntos.”
…………………………………………………………………………………


Wall Street queria sangue

Se dependesse do Ministério da Fazenda, o reajuste do preço da gasolina para as refinarias seria de 21%, o que faria aumentar em 16% o preço nos postos. O Ministério das Minas e Energia conseguiu baixar o índice argumentando que as estatais fecharão seus balanços com muito lucro. Na Petrobras, a expectativa é de um resultado espetacular, R$ 8 bilhões no final do ano.
…………………………………………………………………………………

Caça às bruxas

Que o Planalto está tiririca com Eduardo Jorge, ninguém nega. Mas todos os assessores de FHC faziam das tripas coração para dizer que isso não tem nada a ver com a demissão do presidente dos Correios, Egydio Bianchi. Foi simples coincidência o fato de ele também ter trabalhado no comitê eleitoral, como ordenador de despesas. O que poucos se arriscaram a explicar foi o fato de Tarcísio Jorge Caldas ter deixado a Casa da Moeda no dia em que seu irmão, Eduardo Jorge, deu a entrevista ao jornal Valor admitindo o envolvimento do juiz Nicolau-lau-lau com o governo.
…………………………………………………………………………………

Rápidas

* Véspera de campanha eleitoral, deputados e senadores começam a entrar no vermelho. Levantamento das agências bancárias do Congresso mostra que 62% deles estouraram o cheque especial.

* Do presidente do BC, Armínio Fraga, para FHC: ano que vem, “o Brasil viverá o início de um novo milagre econômico”. A taxa de juros pode chegar a 13%. E 6% de crescimento anual no PIB. Vale anotar.

* O PFL prepara para o próximo dia 20 uma grande comemoração do aniversário de 60 anos de Marco Maciel. Espécie de pré-lançamento de sua candidatura a 2002. Para o Senado ou para a Presidência.

* Política também tem surpresas. Nomeado por Fernando Henrique, o novo reitor da Universidade do Rio de Janeiro, Pietro Novelino, é homem da confiança de quem? Do ex-presidente Itamar Franco.

* FHC almoçou com Tasso Jereissati no Palácio da Alvorada, na terça-feira 11. Ofereceu ao governador a presidência do PSDB. Mas assessores de Tasso dizem que ele não aceitou.

“Estou convencida de que Fernando Henrique vai lançar o Tasso Jereissati”
Da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, sobre o candidato
de FHC à sucessão presidencial

Por Tales Faria – Colaborou Hélio Contreiras