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A Champions League é o melhor termômetro do futebol europeu. Sempre que os times de algum país se destacam, pode-se esperar uma boa presença dele na Copa do Mundo seguinte. Foi assim, por exemplo, com o Ajax tricampeão de 1971/72/73, base da Holanda de 1974. Mais recentemente, as conquistas do Barcelona em 2006 e 2009 antecederam o que seria a Espanha campeã mundial de 2010. Agora temos Bayern de Munique e Borussia Dortmund na final da Champions League — um passo natural depois de dois vice-campeonatos do Bayern, em 2010 e 2012. Apontar a Alemanha como uma das favoritas para ganhar a Copa no Brasil, em 2014, não é nenhum exagero.

É importante destacar, entretanto, que aquele Ajax, aquele Barcelona e esses Bayern e Borussia têm algo em comum: a grande maioria dos jogadores é do próprio país. Coisa que times ingleses e italianos nunca conseguiram — o que rende uma explicação sobre o futebol nada encantador de suas seleções, mesmo quando a Itália foi campeã mundial, em 2006. Esta semana, por indicação da jornalista Nathalia Brogiatto, acabei acessando um excelente texto do colega Fred Fagundes, no site www.papodehomem.com.br. Sob o título “O que podemos aprender com Bayern, Borussia e o futebol alemão”, Fagundes comenta que a Copa do Mundo de 2006, realizada com sucesso e com uma geração de jovens jogadores alemães, foi o ponto de partida para o excelente momento da Bundesliga. Não foi por acaso que o técnico Pep Guardiola deixou o Barcelona para substituir Joseph Heynckes no Bayern, na próxima temporada, devido à aposentadoria do atual treinador.

O Campeonato Alemão tem média superior a 45.000 pessoas por jogo. A média de público do Bayern na Alianz Arena, que tem capacidade para 71.000 torcedores, é de 68.500 pessoas por jogo. E a média do Borussia Dortmund no Signal Iduna Park é ainda mais impressionante: 80.488 torcedores por jogo num estádio com 80.720 lugares. Tudo isso numa cidade que tem apenas 581.000 habitantes. Significa que 14% da população local comparece aos jogos do Borussia em Dortmund.

Fred Fagundes também comenta uma entrevista que o ex-jogador Paul Breitner, atual executivo do Bayern, deu à ESPN Brasil. “Não basta ter uma casa bonita se você não fornecer experiência”, comenta Breitner. “A experiência precisa ser completa: desde a compra do ingresso, passando pela entrada na Arena até o consumo do jogo.” Os clubes brasileiros terão a Copa do Mundo para passar a oferecer mais conforto e conveniência aos seus torcedores, com os novos estádios construídos ou reformados para 2014. Enquanto isso, a Seleção Brasileira continua sendo convocada com jogadores de todas as partes do mundo e, pior, dos mais diferentes times. Felipão não usa a base do Corinthians, Atlético Mineiro e Fluminense — os melhores times brasileiros da atualidade — como ponto de partida.

Ele também publicou uma tabela com as médias de público de 20 campeonatos nacionais. E o Brasileirão está apenas em 13° lugar, com média de 14.897 torcedores, atrás do México, P4 (25.343), dos Estados Unidos, P8 (18.700), do Japão, P19 (16.572), e até das segundas divisões da Inglaterra, P9 (17.899), e da Alemanha, P11 (17.202). Os campeonatos com maior média de público são da Alemanha (45.083), Inglaterra (34.604) e Espanha (28.400). Além disso, considerando a média de assentos oferecidos, a Alemanha tem 93% de ocupação, a Inglaterra alcança 97% e a Espanha atinge 74%. O Brasil ocupa apenas 44% da capacidade média dos estádios nos jogos do Campeonato Brasileiro, critério que o faz cair para a 20ª posição entre os 20 países pesquisados.

Será mesmo que ainda somos o país do futebol?