Status, finesse ou apenas um prazer que pode prolongar o jantar. Aos poucos, os mistérios do charuto vão sendo desvendados pelos brasileiros. A incorporação do charuto aos nossos costumes é explicável. Vendem-se aqui os melhores tipos e uma grande variedade, maior até do que a encontrável nos Estados Unidos e na Europa, onde o consumo é até maior. Os charutos cubanos são proibidos nos Estados Unidos e os dominicanos não chegam à Europa. Nosso abastecimento privilegiado não é recente, mas só há pouco chamou a atenção dos brasileiros, que contam também com bons produtos nacionais, como as marcas Dannemam e Alonso Menendez.

Diversos bares e clubes atendem hoje os apreciadores do charuto. Os cariocas do ramo frequentam a tabacaria Esch Cigars, no centro, e a Giraldia Charutos, no Jardim Botânico. Em São Paulo, o Epicur Cigar tem showroom, bar e serviço de armazenamento climatizado. Para atrair um público maior, o Epicur oferece um curso sobre a arte de fumar e ensina até a confeccionar charutos. O último, realizado em 27 de outubro, foi ministrado pelo especialista César Adames, fundador da Cigar Consulting, primeira consultoria de charutos no Brasil. “É interessante educar o fumante, mostrar os processos de elaboração, as diferenças entre os tipos e um pouco da história, que começa nos índios”, conta Adames, que também usa o curso para quebrar preconceitos e estereótipos. Segundo ele, sempre existiram as mulheres apreciadoras do fumo. A diferença é que agora elas não se escondem para fumar. As regras para o charuteiro segundo o especialista, são flexíveis: cada um fuma como acha melhor. “Eu acho uma delícia charuto com champanhe, tem gente que gosta de fumar molhando o charuto no uísque. A única regra é não incomodar os outros”, diz Adames. A publicitária Mônica Barbosa, 37 anos, começou a fumar “de brincadeira” e se apaixonou pelo charuto e por toda a magia que o envolve. “Me encantei com o evento do charuto. Quando se bebe e se come bem é uma delícia fumar”, conta Mônica, que participou do curso no Epicur. O médico Rodrigo Reiff, 27 anos, que não fuma, participou do curso movido pela curiosidade. “Não ligo para status, queria entender mais do assunto”, explica. O curso acontecerá novamente no próximo dia 25 de novembro.

Para os iniciados existem as degustações, geralmente jantares ou reuniões onde se come muito bem, se bebe melhor ainda e, claro, se fuma. O Big Smoke, que aconteceu pela terceira vez em São Paulo na sexta-feira 5, reuniu grandes charuteiros em um jantar no Havana Club, do hotel Renaissance, também ponto de encontro de charuteiros. O maior inconveniente do charuto é mesmo o preço. Uma caixa com 25 unidades feitas à mão, como os cubanos Monte Cristo, Romeu e Julieta e Partagas ou os dominicanos Davidoff e Arturo Fuente, varia entre R$ 560 e R$ 1.000 e um bom charuto unitário, como o cubano Coyba, pode ficar em até R$ 120. De resto, o máximo que pode acontecer é o fumante virar ponto de referência.