No domingo 7 uma tribo de costumes peculiares se reuniu em um shopping center na zona norte de São Paulo para disputar o Campeonato Brasileiro de Som Automotivo. Em outras palavras, para ver quem conseguia fazer mais barulho. Pode culpar a vida moderna: hoje muita gente passa mais tempo ouvindo música no carro do que em casa. Um congestionamento aqui, outro ali e você já decorou todas as letras do Xitãozinho e Xororó. Não é de se estranhar, portanto, que os equipamentos de áudio busquem transformar o interior do automóvel em uma sala de ouvir música. Mas tem gente que exagera e acaba gastando mais que o preço dos próprios carros para transformá-los em verdadeiros monstros sonoros. E depois eles saem por aí, rugindo decibéis pela selva urbana.

Veio gente até da Paraíba: Walter dos Santos Souza trouxe sua Parati de João Pessoa. Não há prêmios em dinheiro, mas ele veio para vencer: “Quebrei o recorde brasileiro na modalidade volume de som até 500 watts”, festeja ele. “Cheguei a 149,1 decibéis!” Um som de estourar os tímpanos. Para se ter uma idéia, um jato decolando atinge 110 decibéis. A Parati 1.0 ganhou mais 200 quilos de peso em alto-falantes, caixas acústicas e um par de amplificadores que detonam 400 watts de potência. Custou mais de R$ 10 mil. Nos fins de semana, “quando a galera se reúne na praia”, ele põe as caixas acústicas para fora e “o carro vira um trio elétrico”. E que tipo de música a galera curte? “House – por causa do peso.”

O peso do som, todavia, pode alcançar até uma tonelada. Caso em questão: o Fusquinha vermelho ano 69, com 25 alto-falantes, que Augusto de Souza Filho utiliza para demonstração em sua loja no bairro de Itaquera, São Paulo. Ele conseguiu o primeiro lugar em volume na modalidade até 1.000 watts. Tem até tevê e vídeo. “Não é normal colocar R$ 12 mil de equipamento num Fusca, e é por isso que ele chama a atenção”, explica.

Outro vencedor na modalidade “qualidade sonora” (onde o que vale não é o volume, mas a qualidade de som) foi o Gol 97 de Adilson Ramos da Silva, cujo capô ostenta, numa pintura, a Tiazinha ao lado da Feiticeira. O carrinho vermelho foi todo adaptado e ganhou também um sofisticado aparelho de DVD da Alpine, o que o torna um verdadeiro hometheater ambulante. Custo da extravagância: R$ 25 mil.