Até pouco tempo atrás, só havia uma maneira de ganhar aquela corzinha de verão: torrar-se debaixo do sol. Mas agora a indústria da estética está dando uma mãozinha para trocar o “branco escritório” pelo “moreno praia” de forma rápida, e, o que é mais incrível, sem sol. Multiplicam-se como nunca clínicas especializadas em bronzeamento artificial e aumentam as opções de autobronzeadores, produtos que bronzeiam mesmo na chuva.

Destes dois tipos de sol “fake”, o que mais está fazendo sucesso é o bronzeamento artificial. Basta procurar uma clínica especializada, deitar-se numa máquina que mais parece uma gigantesca sanduicheira e esperar. Nesses equipamentos, lâmpadas especiais emitem radiação ultravioleta, a mesma do sol, e produzem o bronzeamento. É nesses aparelhos que beldades como a modelo Adriane Galisteu e a atriz Milla Christie ganham aquele invejável tom dourado. Milla, 27 anos, submete-se ao tratamento pelo menos uma vez por semana. “Faço muitas fotos e preciso estar bronzeada. E um pouquinho de sol faz bem, mesmo sendo artificial”, conta.

A atriz pega seu sol de mentirinha na New Sun, um dos maiores centros especializados do Brasil, e, por isso, um bom termômetro do interesse crescente pela técnica. Só em uma unidade em São Paulo já são quatro mil clientes. “A maioria é mulher, mas há muitos homens interessados. Aqui, os raios equivalem ao sol das 8h e depois das 16h”, afirma Salma Antoun, responsável pela unidade.

A procura pelo bronzeamento artificial é tanta que preocupa os médicos. Especialistas ingleses discutem o surgimento de um grupo de pessoas viciadas na técnica. Elas estariam sofrendo de tanorexia, termo cunhado numa analogia à anorexia, distúrbio no qual a vítima só acha que está bem se estiver magérrima. Os tanoréxicos só se sentiriam felizes se estivessem bronzeados. “Não seria doença, mas um comportamento viciante”, explica a dermatologista Silvia Marcondes Pereira, da Universidade Federal de São Paulo.

Além da obsessão pela cor, o que também preocupa os especialistas são os possíveis prejuízos à saúde. Em geral, as lâmpadas emitem de 95% a 99% de radiação ultravioleta A e de 0,5% a 5% de ultravioleta B. Já se sabe que esses dois tipos de raios provocam o envelhecimento precoce da pele e podem causar câncer. E nessas máquinas a intensidade das radiações é muito maior do que a emitida pelo sol (20 minutos de bronzeamento artificial equivalem a três horas de sol). Mais. Ninguém vai para o equipamento com protetor solar. Logo, os riscos ficam ainda maiores.

É por causa de tantas ameaças que, por enquanto, o único sol de mentira que os médicos recomendam é o autobronzeador. Lançados há cinco anos, esses produtos são feitos com di-hidróxido acetona. A substância atinge a camada córnea, a mais superficial da pele e que se descama diariamente. Por isso, não oferece riscos. O di-hidróxido acetona oxida as células da camada córnea e é esse processo que escurece a pele. “É uma ótima opção para quem quer ficar moreno sem ir para o sol”, afirma a dermatologista Luciane Scattone.

O efeito do autobronzeador aparece a partir de três horas da aplicação. Mas as empresas estão caprichando nos lançamentos e já há autobronzeadores que prometem um dourado na pele depois de uma hora. Há também autobronzeadores em forma de spray e até em musse para facilitar a aplicação. O único problema é que o bronzeado dura 15 dias. De qualquer forma, o autobronzeador é uma saída e tanto para ficar bronzeado até no inverno e não dar vexame no início do verão. “Uso há uns três anos para não chegar com cara de mofo na praia e às vezes também no inverno para ficar com uma corzinha”, conta a atriz Luciene Adami.