Voz grossa e forte é que impõe respeito.” A frase é do aposentado Dirceu Malagutti, 64 anos, que há cinco sofre de uma doença bastante comum na sua faixa etária. Trata-se do mal de Parkinson, caracterizado por uma série de distúrbios motores como tremores e dificuldade para locomoção. A alteração de fala, no entanto, talvez seja o distúrbio mais ingrato. A voz fica fraca, as palavras mal articuladas e muito aceleradas. Isso ocorre porque todo o corpo pode tremer, inclusive as duas pregas vocais. Quem sofre desse problema, acaba de ganhar um aliado. Trata-se do método de reabilitação vocal Lee Silverman, que acaba de desembarcar no Brasil.

O método foi desenvolvido há 15 anos, nos Estados Unidos. Procurados pela família de Lee Silverman, uma senhora que não conseguia mais se expressar por conta do Parkinson, fonoaudiólogos daquele país decidiram estudar uma maneira de atender ao pedido. Missão cumprida. “O nome da senhora serviu para batizar a técnica”, explica a fonoaudióloga paulista Mara Behlau, diretora do Centro de Estudos da Voz, onde o método é ministrado. O princípio da técnica está baseado no fortalecimento das pregas vocais por meio de exercícios repetitivos. Os pacientes pronunciam as vogais a, e, i pelo máximo de tempo que conseguirem. “São as melhores letras para fechar as pregas”, explica a fonoaudióloga Walkíria Oliveira. Para complementar, são ensaiadas frases de apoio como “preciso de ajuda para me levantar”. O aprendizado leva apenas 16 sessões. Depois do curso, o aposentado Heitor de Castro, 68 anos, se expressa com confiança. “O lema é pense forte e fale forte”, afirma.

Além do curso, os fonoaudiólogos ensaiam um coral. O objetivo é reforçar as vantagens do método, cujo primeiro benefício é o aumento de intensidade da voz. Foi o que comprovou a dona de casa Vera Lúcia Moreno, 49 anos, com Parkinson há três.“Minha fala ia sumindo e, antes de terminar a frase, desaparecia. Mas, depois de aprender os exercícios do método Lee Silverman, consegui aumentar o volume”, conta. Outra boa notícia é que profissionais do Centro de Estudos da Voz prepararam 100 fonoaudiólogos de grande parte do Brasil que estão aptos a ministrar o curso.


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