FHC ainda está refém

O presidente FHC e os tucanos tinham certeza de que, aprovada a CPMF, o governo não precisaria mais de nenhuma emenda constitucional. Estaria livre da necessidade de uma maioria de três quintos no Congresso e, portanto, poderia ignorar as pressões por mais espaço no poder dos partidos aliados, ou seja, do PFL e do PMDB. Mas o discurso de Michel Temer (PMDB-SP), na quarta-feira 17, jogou água fria na fervura tucana. Quando Temer, como presidente da Câmara, anunciou que a reforma tributária será prioridade no Congresso, quer o Planalto queira, quer não, ele deu um recado do PMDB: o presidente ainda precisa da maioria de três quintos. Ainda está nas mãos dos aliados. Se não tiver essa maioria, PMDB e PFL simplesmente aprovarão uma reforma no sistema de tributos transferindo grande parte das receitas da União para os Estados. E o ajuste fiscal vai para o beleléu, juntamente com a estabilidade econômica, a popularidade do presidente e os sonhos tucanos de perpetuação no poder.

 

 

O ouro de Moscou

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) está preparando um requerimento de informações para saber do BC quais foram os bancos do Brasil que especularam na crise russa. Ele anda desconfiado dos bancos oficiais, desde que leu uma entrevista de George Soros no suplemento cultural do The New York Times na qual o megainvestidor jura de pés juntos que os bancos brasileiros perderam rios de dinheiro com bônus do Tesouro russo.

 

 

Distribuição de dinheiro

O procurador da República Luiz Francisco Fernandes de Souza deu entrada numa representação contra a Agência Nacional de Petróleo na qual cobra do presidente do órgão, David Zylbersztajn, genro de FHC, explicações sobre fatos muito curiosos. Duas pequenas distribuidoras de álcool receberam da ANP R$ 2 milhões pelo fornecimento de mais de 20 milhões de litros do álcool usado para adicionar à gasolina. As empresas não têm rede de postos próprios e, ao que parece, possuem uma única salinha comercial na cidade de Paulínia (SP). Segundo Luiz Francisco, "há fortes indícios de que, no mínimo, parte desta soma deve-se a fraudes".

 

 

Guerra no BB

O cofre com os documentos sobre a auditoria do Conselho Fiscal do Banco do Brasil a respeito do caso Encol sumiu na noite de quinta-feira 18. A auditoria teria concluído que as irregularidades na concessão de créditos para a Encol não foram culpa da agência DF, mas da própria direção do banco. Na sexta-feira 19, os conselheiros estavam atrás de cópias da papelada. E uma carta do representante dos funcionários do Conselho de Administração, Fernando Amaral, ao presidente do BB, Andrea Calabi, com sugestões de demissões na diretoria da instituição, promete momentos de pura emoção para os próximos dias.

 

R Á P I D A S

"Tiazinha" é o apelido dado pelo líder do PTB, Roberto Jefferson, para o projeto de fidelidade partidária dos grandes partidos. "Serve para chicotear a gente."

FH fugiu do encontro com Itamar na inauguração da fábrica da Mercedes-Benz em Juiz de Fora, no dia 23. Mandará uma mensagem via Embratel.

Raul Jungmann, montou um staff num prédio luxuoso de Brasília que ganha mais que os funcionários da sede do ministério. Provocou um ataque de nervos.

 

Por TALES FARIA
Colaboraram: Luciano Suassuna, Luiza Villaméa e Hélio Contreiras