Após cinco meses de acirrados debates parlamentares e violentas manifestações de rua, os deputados franceses aprovaram na semana passada o casamento gay no país. As camadas mais intelectualizadas da classe média francesa apoiam a aprovação, os segmentos mais populares são radicalmente contra – não é de hoje que direitos civis e boca de estômago com fome brigam por prioridade na pauta de reivindicações sociais. Meio ponto para o presidente socialista François Hollande, que vê seu governo despencar nas pesquisas de opinião. Ele sempre se colocou favorável ao casamento gay. Agradou assim à classe média que o ajudou a chegar à Presidência, mas desgostou os empobrecidos que lhe pediam para privilegiar reformas econômicas no enfrentamento da crise. Um coisa é certa: se Hollande espera que a questão gay desvie a atenção da crise, tal desvio não durará mais do que dura um arco-íris.