Aproximações Contemporâneas/ Roberto Alban Galeria de Arte, Salvador/ até 1º/6

Do terraço do mais novo espaço de arte contemporânea de Salvador, no bairro de Ondina, avista-se o mar. À frente do projeto estão os galeristas Roberto e Cristina Alban, veteranos do mercado da arte soteropolitana. Por mais de 20 anos, o casal comandou a galeria que antes ficava no bairro da Graça e era voltada para o mercado de arte secundário e focado em arte moderna. A mudança de paradigma veio de uma inquietação sobre o lugar de Salvador dentro do panorama de crescimento e internacionalização da arte brasileira. “É preciso levar a produção contemporânea de Salvador para o Brasil, mas também é urgente que essa produção venha à Bahia”, diz Cristina Alban, que inaugura o espaço com a exposição “Aproximações Contemporâneas”, com nove artistas da Bahia, do Rio, de São Paulo, do Ceará e de Santa Catarina.

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NOVIDADE
Pintura "Aposta" de Maria Lynch (acima) e espaço
interno da galeria Roberto Alban (abaixo)

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Dispostas em generosos três andares, cerca de 30 obras mostram a produção de artistas que vivem momentos distintos de suas carreiras. A ideia de heterogeneidade da arte brasileira é traduzida pelo encontro de obras irreverentes, como os autorretratos fotográficos de Alexandre Mury, com a abstração pictórica e rítmica da catarinense radicada no Rio Gabriela Machado. Ambos apresentam duas vivências e visões do Rio de Janeiro. Em “Cristo Redentor”, Mury, que vive em São Fidélis, no Estado fluminense, brinca ao se travestir como um dos ícones do País. Mas o que o artista argumenta buscar ali é enfocar o corpo teatralizado na história da arte. “É como se eu fosse um ator estudando um papel”, diz o artista, que também se fotografou como o Fauno, pintado pelo flamengo Rubens, e como o Dr. Gachet de Vincent Van Gogh.

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PERFORMANCE
Artista Alexandre Mury interpreta Cristo Redentor em fotografia

Nas pinturas de Gabriela Machado, o corpo também é fulcral, já que as formas e cores são resultado da música e do ambiente ao seu redor. “Chocalho I” e “Chocalho II” foram pintadas ao ritmo do samba e tendo como inspiração a imagem de plantas. “São meu corpo e meus sentidos colocados ali”, diz Gabriela. A cor é também central nas obras de Elizabeth Jobim e Maria Lynch. A primeira trabalha as cores em blocos geométricos maciços, na tradição da arte concretista brasileira, e Maria Lynch trabalha questões feministas em pinturas em acrílico com abordagens próximas a um figurativismo lúdico e pop. “Queremos mostrar o momento especial que a arte brasileira vive. Nossa proposta quer ir muito além do mercado de arte, queremos inserir Salvador dentro do contexto da arte contemporânea brasileira”, comenta Cristina, cuja galeria abrigará uma individual do artista carioca Raul Mourão, no segundo semestre de 2013.

Fotos: Divulgação, Alexandre Mury 


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