Grandes perdas da literatura

Antonio Houaiss, que morreu em consequência de falência múltipla dos órgãos aos 83 anos, no domingo 7 no Rio de Janeiro, sempre se desincumbiu de tarefas intelectuais de folêgo que lhe foram pedidas. Ele deixou concluído um de seus maiores sonhos: um dicionário com 300 mil verbetes que sairá também em CD-Rom. Entre os desafios cumpridos pelo filólogo (a filologia estuda a formação da língua e da cultura) está a tradução para o português do clássico Ulisses, de James Joyce. Houaiss propôs uma reforma que unificasse a ortografia dos sete países de língua portuguesa, mas que nunca entrou em vigor. Ele presidiu a Academia Brasileira de Letras.

A literatura perdeu em elegância com a morte do escritor argentino Adolfo Bioy Casares, aos 84 anos. O autor do romance Invenção de Morel sofria do coração e não resistiu a uma crise na segunda-feira 8. Era lembrado como alma gêmea do também portenho Jorge Luis Borges, com quem escreveu cinco livros. "Escritores são vendedores de milagres", dizia ele.

 

O lirismo de Bidu
A cantora lírica carioca Bidu Sayão morreu aos 96 anos em Lincolnville (EUA). Ela sofria de reumatismo e se alimentava mal por conta de uma infecção na boca. Amava o Brasil, mas não perdoou os críticos que a arrasaram quando surgiu nos anos 20. Sua estréia em Paris em 1924, interpretando Villa-Lobos, rendeu-lhe os aplausos do jornal New York Herald que a elegeu "reinventora do bel canto". Recusou a cidadania americana em 1938, oferecida pelo presidente Roosevelt. Em 1954, foi considerada a cantora mais conhecida dos EUA. Bidu foi homenageada no Carnaval de 1995 pela escola Beija-Flor

 

APROVADA pela Igreja Presbiteriana dos EUA a ordenação do pastor homossexual Wayne Osborne. Ele é o primeiro gay a ser aceito oficialmente por essa igreja. Osborne será ordenado pastor no dia 26. Em Nova York (EUA), na segunda-feira 8.

ABERTO pela polícia de São Paulo inquérito contra o médico-legista Fortunato Badan Palhares, suspeito de ter mantido em seu laboratório particular equipamentos doados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear à Unicamp, onde é professor adjunto. Em São Paulo, na quinta-feira 11.

ABSOLVIDOS O ex-primeiro ministro da França Laurent Fabius (foto) e a ex-ministra de Assuntos Sociais Georgina Dufoix das acusações de homicídio involuntário e ataque à integridade física no processo das sete vítimas de transfusões de sangue contaminado com o vírus da Aids. Cinco das vítimas morreram. Foram 3.600 pessoas infectadas pelo HIV entre 1984 e 1985 na França. A absolvição causou protestos na Corte de Justiça da República. Em Paris, na terça-feira 9.

O herói da rosa vermelha

Joseph Paul Di Maggio, ou Joe Di Maggio, ex-jogador de beisebol do New York Yankees, morreu de câncer no pulmão na segunda-feira 8, na Flórida (EUA), aos 84 anos. O presidente Bill Clinton declarou que os EUA perderam "um dos mais amados heróis do século". Filho de italianos, o jovem Di Maggio foi o ídolo de multidões no final das décadas de 40 e 50. Ele também ficou conhecido pelo casamento com a atriz Marilyn Monroe em 1954 que durou apenas nove meses. De 1962 (ano em que Marilyn morreu) até 1984, Di Maggio depositava diariamente uma rosa vermelha em seu túmulo.

MORRERAM Ernesto Filpo Nuñez, ex-técnico de futebol. Don Filpo, argentino, foi o único estrangeiro a dirigir a Seleção Brasileira. Na década de 60, ele foi técnico do Palmeiras que passou a ser chamado de "Academia" pela sequência de títulos conquistados. Em São Paulo, aos 81 anos, de infarto. No domingo 7.

Oswaldo Guayasamín, escultor e pintor equatoriano. O artista foi amigo de Pablo Neruda e Fidel Castro e era crítico ferrenho da política americana. Ele participou da 4ª Bienal de São Paulo em 1957, quando recebeu o título de maior pintor da América do Sul. Nesse mês, Guayasamín iria receber na Colômbia o Prêmio Ibero-Americano de Comunicação pelos Direitos das Crianças. Em Baltimore (EUA), aos 79 anos, de ataque cardíaco. Na quarta-feira 10.

Luiz Gonzaga de Arruda Paes, maestro e arranjador. Paes regeu grandes orquestras nas décadas de 50, 60 e 70 e foi o arranjador do hino da TV Tupi, trabalhando na emissora desde sua fundação em 1950 até seu fechamento em 1981. Em Santos, aos 76 anos, de insuficiência cardíaca. Na quarta-feira 10.

DECRETADAS a indenização aos pais de Ana Paula de Oliveira, 17 anos. Ana Paula, que sofreu fratura exposta do fêmur, é a primeira vítima da explosão do shopping de Osasco (1996) a receber indenização de R$ 22,5 mil por danos morais e R$ 72,5 mil por danos materiais. Em São Paulo, na terça-feira 9.

A prisão de Antonio Izzo Filho, prefeito de Bauru (São Paulo). Ele é acusado de corrupção e de planejar os assassinatos do promotor de Justiça Carlos Simioni e do juiz Mauro Daró. Em Bauru, na segunda-feira 8.

O violinista de Einstein

Yehudi Menuhin, um dos maiores violinistas de todos os tempos, morreu em Berlim (Alemanha), aos 82 anos, na sexta-feira 12. Filho de imigrantes russos, o violinista nasceu em Nova York. Menuhin, que foi regente da Orquestra Sinfônica de Nova York, começou a tocar piano aos sete anos. Aos 13, fez seu primeiro grande concerto em Berlim e ouviu a seguinte frase do cientista Albert Einstein que o aplaudiu em pé: "Agora sei que há um Deus no paraíso."