Pense numa viagem pelo corpo humano na qual é possível identificar em pouco tempo vários tipos de doenças. Essa imagem pode parecer coisa de cinema. Porém, a ciência vem dando cada vez mais provas de que a cena descrita acima já faz parte da nossa realidade. Uma das mais recentes conquistas da medicina para ajudar a desvendar o corpo humano é um exame de nome bem esquisito: angiografia por ressonância magnética tridimensional com gadolínio. Por trás de termos tão assustadores, se esconde um procedimento capaz de identificar em meio minuto problemas nos vasos sanguíneos. Desde um entupimento das artérias até a descoberta de tumores. O aparelho com o qual o exame é realizado emite ondas de rádio na região afetada do paciente, possibilitando aos médicos visualizar em um monitor imagens em terceira dimensão. “A vantagem da técnica é a rapidez e o fato de não precisar operar o indivíduo para identificar melhor seu problema”, diz o neurorradiologista Claudio Staut, do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo.
Há dez meses, a instituição conta com o equipamento. E o número de exames não pára de crescer. “No primeiro mês foram feitos 21 e, em maio, 64”, contabiliza a radiologista Claudia da Costa Leite, chefe do setor. Apesar de já existir há três anos no Hospital Beneficência Portuguesa, somente agora o método está sendo mais difundido. “Cerca de 30% dos nossos exames são de angiografia por ressonância tridimensional”, afirma o radiologista Douglas J. Racy, do serviço Med Imagem, do hospital paulista.

Os benefícios do método também foram discutidos no congresso “Construindo a ponte entre diagnóstico e terapia”, realizado pelo laboratório Schering, em Richmond, na Califórnia, há um mês. A empresa tem interesse no desenvolvimento dessa técnica, pois ela produz contrastes – substâncias injetadas no braço para ajudar a visualizar melhor artérias e veias. É o caso do elemento químico gadolínio. No ano que vem, a Schering lançará um novo contraste chamado gadobutrol, com maior concentração de gadolínio. “O produto transmitirá um sinal melhor dos vasos sanguíneos”, afirma Staut.

O teste deve ser evitado por pessoas portadoras de peças de metal no organismo, como marcapassos e válvulas cardíacas antigas. Isso porque pode ocorrer uma interferência no campo magnético da máquina, podendo alterar seu funcionamento. Na opinião dos radiologistas, a angiografia por ressonância magnética não substituirá a digital – técnica na qual se introduz um catéter em uma veia da perna para detectar o vaso obstruído. Em alguns casos o método é necessário, pois seu nível de detalhamento é superior ao da ressonância. A desvantagem é o tempo do exame, que varia entre 15 a 40 minutos. Além disso, como o procedimento é invasivo, o paciente precisa ser internado.