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Nota do editor: depois dos jogos São Paulo 1-2 Atlético e Atlético 4-1 São Paulo, o texto abaixo ficou superado, apesar dos exemplos históricos. Coube ao Galo desmenti-lo.

Enquanto a Europa acompanha o tira-teima entre alemães (Bayern de Munique e Borussia Dortmund) e espanhóis (Barcelona e Real Madrid) para saber quem ganhará a Champions League, aqui no Brasil a grande expectativa é para os jogos entre Atlético Mineiro e São Paulo, pelas oitavas-de-final da Copa Libertadores da América. Um jogo que merece uma análise mais profunda porque reúne o time de melhor campanha e aquele que conseguiu a última vaga entre os 16 classificados. Coincidentemente, Galo e Tricolor só estão se enfrentando porque não fizeram o que se esperava deles no confronto que tiveram na fase de classificação. Do Atlético esperava-se um futebol bonito, dinâmico e vencedor; do São Paulo esperava-se um futebol errante, medroso e perdedor. Afinal, foi assim que ambos atravessaram a fase de grupos da Libertadores.

Time por time, hoje, o Atlético é melhor. Na fase de grupos da Libertadores ele ganhou 83% dos pontos (15), marcou 16 gols e tomou 9. Já o São Paulo somou apenas 39% dos pontos (7), marcou 8 gols e tomou 8.

Mas no futebol não existe vencedor de véspera. E assim, de uma hora para outra, o time que era favorito para o título (o Atlético) agora se vê diante da sina de “amarelar” nos momentos decisivos. E o time que era azarão (o São Paulo) agora vê a força de sua camisa pesar para o seu lado. E por que isso acontece? Porque a história recente está cheia de exemplos — inclusive na disputa direta entre ambos — de que o Tricolor paulista se dá melhor do que o Galo mineiro nessas horas.

Decantado como o primeiro campeão brasileiro (1971) durante três décadas, o Clube Atlético Mineiro dormiu sobre a glória isolada e, tirante as conquistas estaduais, que encolheram de importância, só obteve dois títulos de média importância em 42 anos: a Copa Conmebol de 1992 e 1997. Esse torneio foi disputado durante oito anos e depois deu lugar à atual Copa Sul-americana. Pior: no final da década passada a CBF resolveu unificar os campeonatos nacionais e o título de primeiro campeão (1959) passou a ser do Bahia. Ter conquistado apenas três títulos em quatro décadas e estar numa fila de 42 anos no Brasileiro pesam contra o Atlético. Para superar esse trauma, o técnico Cuca terá de trabalhar mais a parte psicológica do que a parte técnica dos jogadores. Se bem que o próprio Cuca não é considerado um treinador com a cabeça fresca.

Já o São Paulo Futebol Clube, além das conquistas estaduais, que também perderam importância, ganhou 19 títulos nos últimos 35 anos: Mundial 1992/1993/2005, Libertadores 1992/1993/2005, Supercopa Libertadores 1993, Recopa Sul-americana 1992/1993, Copa Sul-americana 2012, Copa Conmebol 1994, Supercopa Conmebol 1996, Brasileiro 1977/1986/1991/2006/2007/2008 e Torneio Rio-São Paulo 2001. Pode não estar em seu melhor momento, mas é um time vencedor. O próprio Atlético sentiu isso na pele na decisão do Campeonato Brasileiro de 1977. Na época, o Atlético tinha um time fantástico, com Joel Leite, Ângelo, Toninho Cerezzo, Paulo Isidoro e Reinaldo. Era uma máquina de jogar futebol. O São Paulo tinha um time apenas esforçado, cujos destaques eram Valdir Peres, Dario Pereyra e Chicão.

Cerca de 113.000 pessoas lotaram o Mineirão no dia 5 de março de 1978 para a decisão do título brasileiro de… 1977 (sim, naquela época tinha disso). Para azar do Atlético, Reinaldo não pode participar daquele jogo. Além desse desfalque, logo no primeiro tempo o truculento Chicão tratou de tirar do jogo o meia Ângelo, que era o motor do time mineiro. Com isso, as coisas se equipararam e o jogo se arrastou num tenso 0-0 durante 120 minutos. Nos pênaltis, o goleiro Valdir Peres se destacou e o São Paulo ganhou por 3-2, faturando seu primeiro título brasileiro. Foi a primeira “amarelada” do Atlético, que voltou a perder decisões para o Flamengo (1980) e o Corinthians (1999).

Em 59 jogos entre eles, o São Paulo obteve 21 vitórias e o Atlético ganhou 18 vezes. Houve 20 empates. O Atlético aplicou duas goleadas históricas no São Paulo: 5-2 na Taça de Prata de 1969 e 4-1 no Brasileiro de 1989. Mas o Tricolou enfiou quatro goleadas no Galo: 5-0 em 2004, 5-1 em 2008, 5-1 em 2009 e 4-0 em 2010, todas no Brasileiro.

São Paulo e Atlético se enfrentam dia 2 de maio, às 20h15, no Morumbi, que deverá ter umas 70.000 pessoas empurrando o time paulista. O Galo recebe o Tricolor no dia 8 de maio, às 22 horas, no acanhado Estádio Independência, que receberá umas 20.000 pessoas. Pertinho dali, o novíssimo e moderno Mineirão, com capacidade para 75.000 torcedores com todo o conforto, estará mudo, talvez ecoando nas trevas o antigo canto da torcida do Galo em seus grandes momentos. Um palco fantástico para a glória do Atlético, mas que seus dirigentes dispensaram. Pena. Porque para ser grande é preciso pensar grande.

Façam suas apostas!