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Começou nesta segunda-feira o julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar, esquartejar e ocultar o corpo da modelo Eliza Samudio. A principal expectativa do júri, que deve durar pelo menos três dias, está no depoimento de Bola, já que ele pode ou não entregar o local onde estão os restos mortais da vítima, ex-amante do goleiro Bruno.

Na porta do Fórum de Contagem (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte, o assistente da acusação, José Arteiro, afirmou que não acredita que o julgamento de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, trará alguma novidade para o caso. “O Bola morre, mas não diz onde está o corpo de Eliza. O Bola tem caráter ruim, ele mata rindo. Acredito que ele não vai revelar onde está o corpo”, disse.

Arteiro ainda aproveitou para alfinetar os advogados de defesa do ex-policial civil. “Tudo o que a defesa dele (Bola) diz não tem força, não tem validade”, finalizou.

No início do julgamento, a juíza Marixa Fabiane negou o pedido de adiamento do julgamento apresentado pela defesa do réu. Segundo os advogados, um recurso especial ainda não foi julgado. O Ministério Público opinou que o julgamento do recurso especial não impedia o prosseguimento do júri, posição que foi seguida pela magistrada que preside os trabalhos.

A defesa também requereu a condução da testemunha José Cleves, que não compareceu, e a intimação da delegada Alessandra Wilke. A juíza deferiu a condução de Clever e considerou que a ausência da delegadafoi justificada por estar em missão especial em Ipatinga.

O caso Bruno

Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão.

Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado.

No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo.  O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. No dia 8 de março de 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão, dos quais 17 anos e seis meses terão de ser cumpridos em regime fechado. Dayanne Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi absolvida.