Um arco-íris apareceu no horizonte do presidente Fernando Henrique Cardoso no final da tarde da quarta-feira 3. Por breves instantes. É temporada de borrascas em Brasília, e logo as nuvens negras voltaram a encobrir o rasgo de sol sobre o Palácio do Planalto. Embora no meio da maior tempestade de seu governo, o presidente estava leve e tranquilo no gabinete, quando recebeu ISTOÉ para uma entrevista. Como se o arco-íris que lhe apareceu à frente fosse um sinal de que a tormenta vai passar. A nau brasileira embicou a proa para a maior recessão desde o final do governo Collor, mas Fernando Henrique, com seu habitual otimismo, está confiante em que os horizontes da economia do País, turvos desde a atabalhoada decisão de desvalorizar o real em janeiro, vão clarear. Ele não faz previsões sobre quando o céu começará a desanuviar. Talvez em abril, se o Congresso tiver aprovado a CPMF, o acordo com o FMI estiver renegociado e os bancos internacionais tiverem voltado a abrir linhas de financiamento para o Brasil. Mesmo que essas precondições ainda estejam longe de serem cumpridas, FHC acha que as coisas, aos poucos, estão tomando o prumo que o governo quer.

No mês passado, para sua surpresa, a balança comercial voltou a apresentar superávit, pela primeira vez desde junho de 1998. No início da entrevista, a secretária interrompeu para que pudesse receber outra "boa notícia". O presidente mandou passar rápido a ligação. Era o presidente do Congresso, Antônio Carlos Magalhães, pelo celular, avisando que o nome de Armínio Fraga para a presidência do Banco Central fora aprovado com folga pelo plenário do Senado. Mesmo tentando exibir autoconfiança, a crise parece ter ensinado algumas lições a Fernando Henrique. Com o salto mais baixo, ele faz uma espécie de mea-culpa ao reconhecer que o melhor momento para desvalorizar o real teria sido na época em que o País tinha gordas reservas cambiais. "Se não tivesse havido um erro de avaliação, nós estaríamos em melhor situação hoje." Com a popularidade despencando, gulosos aliados querendo abocanhar mais e mais nacos de poder, Fernando Henrique ainda aposta que o pior momento de seu governo será passageiro, e torce para que o vendaval se revele afinal apenas uma chuva de verão.

ISTOÉ – Fala-se no Congresso que o sr. está fraco e seu governo acabou com apenas dois meses de existência. O sr. concorda?
Fernando Henrique Cardoso Só se eu estivesse louco. Um presidente fraco não ganharia todas as votações no Congresso como tem ocorrido. Em 1995, no início do primeiro governo, encontrei um quadro muito mais difícil. O que não quer dizer que agora não esteja difícil. Está, mas por uma razão econômica, a turbulência da desvalorização do real. Não quero minimizar as dificuldades. Quem fica aqui sabe que não é como você viver em Paris.

ISTOÉ – O sr. dizia que era fácil governar o Brasil.
FHC – Compare o Brasil com a Índia, a China e a Rússia. Aqui é muito mais simples. Mas governar não é uma tarefa para pessoas que não estejam preparadas para as asperezas da vida política.

ISTOÉ – O sr. estaria disposto a ceder ao governador Itamar Franco o mesmo que cedeu a Olívio Dutra?
FHC – Não cedi ao Olívio. Ele me disse que está disposto a reiterar o compromisso que tem com o BID e o Banco Mundial. Por isso, vamos comunicar a esses dois bancos que não há razão para suspender os financiamentos.

ISTOÉ – O sr. teria a mesma boa vontade com o Itamar?
FHC – Isso é uma coisa que estou disposto a fazer com todos. Agora, as soluções têm de seguir regras. A lei tem de ser cumprida. As exceções têm de ser pactuadas. O que não pode é alegar que não vai cumprir porque o contrato é leonino e fere a autonomia do Estado.

ISTOÉ – Aonde o sr. acha que o Itamar quer chegar?
FHC – Não sei. Sobre o Itamar, não quero nem fazer comentários, porque isso só leva a especulações.

ISTOÉ – O sr. sempre se considerou um especialista em Itamar…
FHC – Eu fui.

ISTOÉ – E era amigo dele.
FHC – Sempre gostei dele. De minha parte, continuo amigo. Podem ver que nunca houve uma palavra minha de agravo ao Itamar. Jamais disse qualquer coisa contra ele.

ISTOÉ – Nem quando fez a comparação com o traidor da Inconfidência Mineira, Joaquim Silvério dos Reis?
FHC – Fiz uma afirmação a respeito dos que estão usando a demagogia para enganar o povo. Foi a imprensa que fez a ligação, mas não eu.

ISTOÉ – O que o sr. achou do discurso do senador Antônio Carlos Magalhães criticando a ingerência do FMI?
FHC – Não há ingerência do FMI. O Antônio Carlos – e ele me disse isso – quis que lá fora sentissem que aqui tem Congresso. Isso é bom porque a gente guarda uma carta na manga para dizer: olha, tem um limite. Os americanos costumam fazer a mesma coisa: o Congresso não permite não sei o quê.

ISTOÉ – ACM tem criticado também o que chama de falta de autoridade…
FHC – Eu sou democrata. Fui reeleito, controlo este governo há muitos anos, tenho uma agenda que está mexendo com muitas coisas no Brasil e nunca senti desrespeito a minha autoridade. Cada um tem um estilo. Eu acho que devo convencer. Mas nos momentos em que é necessário, faço o que tenho de fazer. Na hora de nomear ministros, nomeio, na hora de demitir, embora digam que não, eu demito. Acabei de demitir dois presidentes do Banco Central.

ISTOÉ – O líder Geddel Vieira Lima disse que o PMDB pode chutar o presidente. Não faltou com o respeito?
FHC – Ele acabou de dizer hoje na minha frente, diante de toda a bancada, que não disse isso e, se em algum momento se excedeu, que eu relevasse e tomasse como impulso da juventude. É isso. Você acha que o presidente da República vai se sentir arranhado porque um disse isso e outro disse aquilo?

ISTOÉ – O PMDB está chiando porque diz que não está sendo atendido nas nomeações para o governo…
FHC – Foi sempre assim a vida toda. Em primeiro lugar, todos foram atendidos. Esse negócio de cargo é muito claro para mim. Isto aqui não é um governo novo, é uma reeleição. Então, não tem que estar nomeando a toda hora.

ISTOÉ – Pouco antes de morrer, o ministro Sérgio Motta escreveu um bilhete para o sr. em que dizia: "Presidente, não se apequene e cumpra o seu destino histórico." Alguns aliados não estão tentando apequená-lo?
FHC – Vou cumprir o meu destino histórico. Não preciso de uma estratégia para isso, porque tenho poder. Eu tenho poder e ele é legítimo. Claro que sem prepotência. No nosso sistema, que é um presidencialismo muito concentrador, o que está sendo mudado são os costumes. Cada vez mais, vamos ter que compartilhar responsabilidades, impor menos, convencer mais. Mas ainda assim, simbolicamente, é o presidente. Então, no jogo, inconscientemente todos querem derrubar quem tem essa força.

ISTOÉ – A imprensa mudou ou continua exagerando a seu favor?
FHC – Tenho a imprensa brasileira em alta conta, porque acho que ela antecipa as questões. Como o regime é presidencial e dá tanta força formal ao presidente, cabe também à imprensa o papel de ser oposição. A oposição não é a mim como pessoa. Não tenho queixas, raramente me agridem pessoalmente. A questão é institucional. A imprensa faz as vezes de oposição em nome da sociedade. A mídia em geral assume uma delegação que não lhe foi dada pela sociedade para, em nome dela, pressionar o governo. Mas não acho isso errado do ponto de vista democrático.

ISTOÉ – Chico Buarque, um crítico de seu governo, acaba de ser eleito pelos leitores de ISTOÉ como o músico brasileiro do século. O sr. ainda o considera repetitivo?
FHC – Não tenho nenhum problema com o Chico. Eu o conheço desde pequenininho. A mãe dele, Maria Amélia, é minha amiga, a neta dela trabalha com a Ruth, e o pai dele, o Sérgio Buarque, é uma pessoa pela qual sempre tive a maior admiração. Acho o Chico fantástico. Considero ele, o Caetano Veloso e o Gilberto Gil os três melhores músicos brasileiros. Apenas disse que acho o Caetano e o Gil mais criativos. O resto foi espuma.

ISTOÉ – Em quem o sr. votaria como melhor músico brasileiro?
FHC – Não vou dizer, porque aí eu brigaria com um dos outros dois.

ISTOÉ – Há uma sensação de insegurança depois da desvalorização do real. O que muda com o Banco Central comandado pelo Armínio Fraga?
FHC – O Armínio é uma pessoa bastante experiente, não só como operador, mas também intelectualmente. Vamos falar com franqueza, ninguém queria o que aconteceu. Liberar o câmbio não foi uma decisão planejada, nós é que não tivemos força diante do mercado. A política anterior era atacada por toda a oposição e pela Fiesp, que achavam que o real deveria ser desvalorizado. Nós dizíamos que era melhor ir desvalorizando aos poucos para evitar as confusões inflacionárias.

ISTOÉ – O sr. não acha que a desvalorização demorou?
FHC – Ex post (depois), tudo é possível. Mas toda vez que se cogitava disso, se eu ouvisse dez economistas, cinco tinham uma posição e os outros cinco diziam outra coisa. No meio da conversa, os cinco que diziam uma coisa acabavam dizendo outra e vice-versa.

ISTOÉ – O melhor momento para a desvalorização não teria sido depois da crise da Ásia quando o Brasil tinha US$ 70 bilhões de reservas?
FHC – Talvez, visto de hoje. Mas naquele momento ninguém estava pressionando. Acho que quando realmente se percebeu que o abalo ia ser mais profundo foi na crise da Rússia. No começo, nossa tentativa foi mostrar que o Brasil não era igual à Rússia.

ISTOÉ – Mas já na crise asiática, o André Lara Rezende dizia que, depois do Japão, viria a Rússia e, em seguida, a bola da vez seria o Brasil…
FHC – Não quero entrar em muitos detalhes, mas é verdade que várias pessoas diziam isso. No segundo semestre do ano passado, quando acabou o financiamento fácil no mundo, as coisas começaram a se complicar. Então alguma coisa tinha que ser feita. Foi o que se tentou com o Chico Lopes. Não deu para aguentar porque o mercado não aceitou. Nós começamos a conversar sobre isso em setembro, mas houve muitos problemas como a questão do grampo no BNDES que desorganizou o time de ministros para o segundo mandato. Foi uma coisa fortuita, mas que existe na política, na vida. Embora fosse perceptível desde o segundo semestre do ano passado que alguma mexida no câmbio teria que ser feita, o que se imaginava era um ajuste e não a flutuação como acabou ocorrendo.

ISTOÉ – Esse adiamento foi para não prejudicar o desempenho nas eleições?
FHC – Não, não teve nada a ver com as eleições. Devido às dificuldades, a idéia era de realmente fazer a mudança no segundo mandato.

ISTOÉ – Gustavo Franco disse que a crise na Ásia seria boa para o Brasil, pois iria trazer mais capital para o País. Não houve um erro de avaliação?
FHC – É possível. Se não tivesse havido um erro de avaliação, nós estaríamos em melhor situação hoje. Mas uma coisa é você fazer uma avaliação, que é um negócio abstrato. Outro dia, vi uma entrevista brilhante do Jeffrey Sachs, na qual ele dizia que o melhor que o Brasil tem a fazer é se afastar do FMI e ir diretamente aos bancos. Seria ótimo, se os bancos topassem.

ISTOÉ – Tem algum arrependimento?
FHC – Certamente, acho que a gente sempre poderia ter tomado uma decisão melhor ou tê-la tomado antes. Talvez tivesse sido melhor ter mexido antes no câmbio. Talvez fosse possível ter feito antes. Mas hoje isso é abstrato.

ISTOÉ – O sr. está irritado com os economistas?
FHC – Eles são um mal necessário. Você não vive sem eles, não tem jeito.

ISTOÉ – O sr. foi ministro sem ser economista.
FHC – Mas eles estavam a meu lado. A bolação do Plano Real foi do André Lara, do Pérsio Arida e do Edmar Bacha. Mas acho que quanto menos tecnocratas, melhor. É preciso ter uma visão mais ampla.

ISTOÉ – Por que o governo decidiu diminuir a quantidade de feijão e de macarrão na cesta básica?
FHC – Isso é especulação. A única decisão que foi tomada é que a merenda escolar será comprada localmente. Em certas regiões do Brasil não se come macarrão. A questão é a seguinte: esses cortes vão afetar o atendimento da população? Há muito desperdício na gestão dos programas sociais. Nos últimos quatro anos, eu ouvi o tempo todo dizerem que o governo só se preocupava com o mercado e não com o social. Mas todos os programas que gritam que são bons foram feitos pelo meu governo. A nobre oposição tem que reconhecer que está defendendo meus programas.

ISTOÉ – São Paulo está sofrendo com recordes de violência e desemprego e agora também com as enchentes. Isso não é sinal de que as grandes cidades brasileiras estão sendo atingidas em cheio pela recessão?
FHC – Chuva não tem a nada ver com recessão. Pelo amor de Deus, também há um limite para a crítica do social! O problema é que a cidade de São Paulo foi construída em cima de bacias d’água. Eu moro perto do Pacaembu. O Pacaembu inundava sempre. Não sei se as enchentes foram causadas por um problema de falta de limpeza. Pode até ter sido. Vocês já foram a Nova York durante uma nevasca? Eu já. Pára tudo.

ISTOÉ – O sr. não acha que a recessão vai agravar esse tipo de situação?
FHC – Vamos fazer força para que a recessão seja a mais curta possível. Quem é que gosta de desemprego? Ninguém. O desemprego no Rio de Janeiro foi de 5%. Nos EUA, quando a taxa chega a 5%, eles dizem que é pleno emprego. Em São Paulo, chegou a 7,5%. É ruim, mas ela é de 18% na Argentina. Isso quer dizer que eu quero que chegue a 18%? Não. Vou fazer tudo para não chegar lá. Por isso que nós fizemos o acordo com a indústria automobilística para reduzir o IPI.

ISTOÉ – Quando os juros vão cair?
FHC – Toda teoria era de que os juros estavam altos para defender o câmbio. É verdade. Agora não há mais razão. A taxa média de juros reais deste ano vai ser consideravelmente menor do que a do ano passado. Os juros reais no mês passado foram negativos. Os juros para o setor agrário já são negativos. A taxa de juros real vai cair mesmo.

ISTOÉ – O dólar bateu em R$ 2,20. O sr. vai deixar chegar a quanto?
FHC – Enquanto não houver a aprovação da CPMF, o acordo com o FMI e a volta dos financiamentos externos, se o Banco Central botar dinheiro para segurar a cotação do dólar, é a mesma coisa que defender o câmbio fixo e jogar as reservas fora. Não adianta. Você tem que criar condições para que esse quadro se reverta. Ninguém, em sã consciência, jamais imaginou que o real estivesse sobrevalorizado em mais de 25%. Logo, tudo isso é overshooting (supervalorização) mesmo. Hoje, é fácil especular. Mas o governo não está gastando reservas. Quando houver as condições objetivas para evitar uma manipulação do dólar, nós vamos ter um horizonte mais aberto.

ISTOÉ – E quando isso vai ocorrer?
FHC – Se eu soubesse, já teria apertado o botão.

ISTOÉ – Antes da reeleição, seus planos eram fazer um governo mais voltado para o social. Os planos mudaram?
FHC – Você não escolhe o ciclo histórico de capitalismo que está vivendo. Se perguntassem ao Franklin Roosevelt (presidente dos EUA) no começo do seu governo, quando houve uma grande recessão que durou anos e um desemprego crescente, se ele gostou daquilo, certamente ele não gostou.

ISTOÉ – O sr. está preparado para enfrentar o aumento da tensão social?
FHC – Nós devemos nos preparar para evitar que isso ocorra. Quanto mais depressa sairmos deste momento recessivo, melhor. Por isso são importantes os programas sociais, a criação de perspectivas de crescimento. E a população brasileira precisa receber essas informações. Há um déficit de informação nesse momento.

ISTOÉ – Se está havendo um déficit de informação, as gravações na Polícia Federal indicam que está havendo também um superávit de grampos no governo. Como o sr. vê isso?
FHC – Pessimamente. O que aconteceu no BNDES foi péssimo. A tecnologia moderna permite essa proliferação de grampos e isso é uma coisa terrível. Mas fazer o quê? Como se prova? No caso do BNDES, estou em cima para que a PF me dê elementos para atuar.

ISTOÉ – O Vicente Chelotti (ex-diretor da PF) teria dito que o tinha nas mãos desde o episódio do Sivam por causa de gravações comprometedoras sobre o sr. É verdade?
FHC – Ele não disse isso. Não é possível. A história dessas gravações é conversa fiada. Não há nada!

ISTOÉ – Presidente, uma questão delicada. Os jornais têm publicado notinhas de que um escritório paulista estaria cuidando de sua separação de dona Ruth. O sr. está se divorciando?
FHC – Isso é ridículo, é falta do que fazer! Pago US$ 1 milhão para quem encontrar qualquer coisa nesse sentido. Gostaria que todo boato que eu tivesse de lidar fosse desse tipo.

 

O ministro da Justiça, Renan Calheiros, livrou-se na última semana de um problema e se enredou em outro. Depois de quatro anos e dois meses em que deu as cartas como o todo-poderoso diretor da Polícia Federal, Vicente Chelotti foi à lona. Sobrevivente do escândalo do Sivam, Chelotti caiu, por ironia, por causa de outras conversas grampeadas. O pepino de Renan, agora, é driblar os lobbies que estão travando uma briga de foice pelo cargo. A Casa Militar da Presidência, os sindicatos policiais, o senador Romeu Tuma (PFL-SP), entre outros, querem emplacar o novo xerife. Renan jura que vai resistir e promete uma escolha técnica

Antes de assumir a Presidência, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso salvou a vida do compositor Chico Buarque de Holanda. Foi depois de um aflito telefonema de dona Maria Amélia, mãe de Chico. "Você precisa evitar que seu primo Ivan mate o meu filho." Tratava-se do cineasta Ivan Cardoso, autor de O Segredo da Múmia e primo distante de FHC, que estava com ciúmes por causa de alguma mulher. Imediatamente, FHC telefonou para seu tio Carlos Cardoso. "Segure o doido do Ivan. Não dá para matar o Chico, ele é um patrimônio nacional." Com a pronta intervenção do clã dos Cardoso, Ivan desistiu de seus planos homicidas

Aos amigos, FHC conta que, entre os economistas que consultou depois da crise asiática, apenas o ex-presidente do Banco Central Ibrahim Eris, além do ministro José Serra, defendia uma mudança na política cambial. Superado o pior momento na Ásia, o presidente promoveu uma romaria de economistas que rezam pela cartilha monetarista ao Palácio da Alvorada para avaliar se era chegada a hora de desvalorizar o real. Com seu sotaque turco, Eris argumentou que era hora de "abrir a cone da banda cambial". Em coro, Gustavo Franco, Pérsio Arida, Lara Rezende, Pedro Malan, os irmãos Mendonça de Barros e Armínio Fraga foram contra a mexida. Como o presidente sempre teve na força do real o seu maior cacife, Eris acabou sendo voto vencido

Entre bicadas e caneladas, o PMDB insiste no atendimento a uma penca de pedidos de nomeações para cargos cobiçados na Petrobras, DNER, Sudene e Polícia Federal. "Fernando Henrique não quer chutar o PMDB? Então, vamos chutar o presidente antes. O grande problema de FHC é que ele é escravo da personalidade de Clóvis Carvalho (ministro-chefe da Casa Civil) e da falta de personalidade do Eduardo Graeff (secretário-geral da Presidência)", declarou ao jornal O Globo o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima, na segunda-feira 1º, ao comentar notícia publicada em ISTOÉ que revelou os planos tucanos para o rompimento de FHC com o PMDB depois da aprovação da CPMF