Confortavelmente instalado em seu escritório, em Tamrac, uma cidadezinha perto de Ft. Lauderdale, na Flórida, Estados Unidos, Will Eisner – o mais importante quadrinista americano, criador do personagem Spirit – invoca todos os motivos do mundo para condenar a velocidade dos dias de hoje. Acorda sempre às 8h30 e fica trabalhando na prancheta até as 17h, às vezes dando chance para uma relaxante partida de tênis. Sua média de produção é a de uma página por dia. Um esboço a lápis coberto por tinta. Caso esteja fazendo uma história em cores, prefere colorir num outro dia. E é ele mesmo quem faz tudo. “Menos o papel”, disse ele, brincando, a ISTOÉ. Eisner desembarca no Brasil pela terceira vez na quinta-feira 7 para inaugurar a exposição O espírito de Will Eisner (Senac, São Paulo, de 8 a 31 de outubro), que coincide com o lançamento do livro O último cavaleiro andante (Companhia das Letras, 32 págs., R$ 16). Inspirado no clássico de Miguel de Cervantes D. Quixote, esta é sua terceira e bem-sucedida incursão na literatura quadrinizada, depois dos já lançados por aqui A princesa e o sapo, dos irmãos Grimm, e A baleia branca, adaptação de Moby Dick, de Herman Melville.

Durante a exposição interativa em São Paulo, na qual os espectadores poderão caminhar pelos cenários de suas histó-rias, cheios de bonecos de seus personagens, será lançado Spirit, o primeiro dos três documentários da série Will Eisner – profissão cartunista, que irá ao ar pelo canal pago TV Senac nos dias 8, 15 e 22, às 21h30. Os outros filmes são O sonho, contando a trajetória do desenhista, e Master class, que traz uma de suas aulas. A justificativa para este último é que ainda hoje, aos 82 anos, Will Eisner se preocupa com o papel da educação no mundo todo. “A juventude não encontra tempo para ler livros, pois vive uma vida muito acelerada, sob um bombardeio incessante de informações”, diz. Foi assim que ele achou que seus livros infanto-juvenis poderiam servir como uma espécie de aperitivo, que aguçasse o interesse da garotada pelas obras originais. A série que inclui O último cavaleiro andante – aliás uma adaptação perfeita, com desenhos de alta qualidade como não poderia deixar de ser – está suspensa. O que não impediu Eisner de pensar em quadrinizar Oliver Twist, de Charles Dickens, e Ivanhoé, de sir Walter Scott. Isso quando não prefere disputar uma partidinha de tênis.


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