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OVIEDO Serenidade e crescimento nas pesquisas

No domingo 20, dois milhões e oitocentos mil paraguaios terão a oportunidade de mudar um cenário que há 62 anos domina o país. Através do voto, eles poderão tirar do Palácio de Lopez, a sede do governo do Paraguai, as cores do Partido Colorado, que se perpetuou no poder, mantendo uma política incapaz de inserir o país no século XXI. Na última semana, a campanha eleitoral se tornou agressiva, com troca de ofensas entre os candidatos e suspeitas de fraudes. Os oposicionistas Fernando Lugo-ex-bispo da Igreja Católica, ligado ao venezuelano Hugo Chávez e ao boliviano Evo Morales – e Lino Oviedo – general da reserva e candidato mais afinado com o Brasil – acusaram o presidente Nicanor Duarte Frutos de pressionar funcionários públicos para que votem e participem dos comícios de Blanca Ovelar, a candidata dos colorados. Asseguraram ainda que há registros de eleitores com mais de 150 anos de idade e que o governo estaria financiando paraguaios residentes na Argentina para que compareçam às urnas.

“Há cédulas de votação já marcadas e votos comprados. Mas entendo a situação. Quem está no poder há mais de 60 anos não vai admitir a derrota tão facilmente”, diz o candidato Fernando Lugo. O presidente, por sua vez, denunciou que “pessoas de fora do país, ligadas a Lugo, estariam em Assunção para promover atos terroristas, com bombas de fabricação caseira”. É verdade que a eleição no Paraguai nunca foi tão acompanhada por observadores internacionais. Mas, segundo a historiadora e analista política Milda Rivarola, isso se deve à possibilidade real de os colorados perderem a eleição. “Eles estão acostumados a ganhar sem maiores obstáculos e se sentem incomodados com os observadores internacionais”, diz Milda.

A candidata da situação sabe que o paraguaio deseja mudanças e nos últimos dias de campanha tratou de se distanciar de um governo do qual foi ministra da Educação. “O que devemos mudar é a forma de fazer política, e não as cores de nossa bandeira”, disse. Segundo as pesquisas eleitorais, tanto Blanca quanto Oviedo mostraram crescimento nas últimas semanas da campanha. Os números desestabilizaram a aliança política que sustenta a candidatura de Lugo. Na semana passada, uma reunião dos aliados de Lugo quase terminou em pancadaria, com acusações mútuas de responsabilidade pela queda nas pesquisas. Na reta final, apenas o candidato Oviedo parecia manter a serenidade. Em seu último comício, ele assegurou ser a garantia de uma mudança sem traumas e usar de suas boas relações com o Brasil para colocar o Paraguai no rumo do desenvolvimento.

 

PÓLOS OPOSTOS O oposicionista Fernando Lugo e a candidata do governo, Blanca Ovelar