Após uma noite na carceragem da Polícia Federal, teve sua prisão preventiva revogada. Na sexta-feira 1º, Telmo falou a ISTOÉ – era a primeira vez que recebia uma equipe de reportagem para dar sua versão do caso. À vontade e com voz firme, negou participação no grampo do BNDES, refutou as acusações do ex-agente Célio Rocha e afirmou que muitas pessoas poderiam estar interessadas em sua morte.

ISTOÉ – bQual é o seu envolvimento no caso do grampo?
Temilson Resende – Meu nome apareceu no inquérito dia 26 de março, em documento relatando que o agente Célio Rocha “está ligado” aos indivíduos Temilson e Adílson e acompanhava “sorrateiramente” o delegado Grandini e as pessoas convocadas para depor. O Célio só foi intimado a depor um mês depois do documento. Por que Grandini não deu voz de prisão? Por que não chamou Célio e disse: “Você está me seguindo? Então está preso.” Servi de boi de piranha.
ISTOÉ – Célio Rocha diz que o sr. o convidou para participar do grampo em troca de R$ 100 mil…
Telmo – O depoimento dele é constituído por 99% de mentiras. Se isso tivesse acontecido, um elemento que está morrendo de fome, não tem onde morar, onde dormir, iria recusar R$ 100 mil? Além disso, o encontro teria acontecido justamente em frente ao prédio que seria objeto do grampo. Nem Agatha Christie montaria uma história dessas.
ISTOÉ – Por que acha que ele envolveu o sr. no caso?
Telmo – Célio tem uma condenação de 14 anos, estava prestes a ser preso… Ele vislumbrou o Programa de Proteção à Testemunha como salvação. Eu já estava sendo apontado pelo Ministério Público e pela PF, então ele inventou essa história. Também ouvi dizer, não sei se é verdade, que existiria uma gravação de Célio contratando um serviço de grampo com alguém.
ISTOÉ – Como era seu relacionamento com João Guilherme Almeida?
Telmo – Eu o conheci quando começamos a carreira no serviço. Ele passou aqui dois ou três anos, foi para Brasília e nunca mais nos falamos. Quando voltou a Brasília, pediu minha saída. Que amigo é esse? Não fiquei ressentido porque era direito de chefe, se ele achava que eu estava causando constrangimento.
ISTOÉ – O sr. abriria mão de seu sigilo bancário e telefônico?
Telmo – Sem problema nenhum. Aliás, já devem ter quebrado.
ISTOÉ – Teme pela sua vida?
Telmo – Posso crer que, se eu morrer, resolvo os problemas de todos. Se aparecer morto, serei o responsável. E quem fez o grampo vai dar gargalhadas. Apesar disso, estou tentando levar uma vida normal, não ando armado. Sei que já estou morto na vida profissional, a não ser que vá trabalhar para o serviço de inteligência português.