palmeiras.jpg

Em qualquer estatística que se faça do futebol brasileiro no século 20, o Palmeiras vai aparecer como o primeiro ou segundo time que mais ganhou títulos importantes, rivalizando com Santos, Flamengo e São Paulo. No futebol paulista, ele é considerado o campeão do século — o passado, no caso. Foram 41 conquistas de primeira linha, como Libertadores, Brasileiro, Paulista e Rio-São Paulo: três internacionais, nove nacionais, oito interestaduais e 21 estaduais. Dezenas, dezenas e dezenas de outros títulos menos importantes, como o Torneio Ramón de Carranza (Espanha), em 1969/74/75, e a Copa Rio Internacional (mundialito de clubes), em 1951, transformaram o antigo Palestra Itália (Palmeiras desde setembro de 1942) num dos clubes mais vitoriosos do mundo.

No século 21, entretanto, o Palmeiras ainda não engrenou. Mesmo considerando o ano 2000 (que oficialmente não faz parte deste século), o Palmeiras ganhou apenas quatro títulos, e ainda assim um é da segunda divisão: Torneio Rio-São Paulo 2000, Campeonato Brasileiro da Série B 2003, Campeonato Paulista 2008 e Copa do Brasil 2012. Não levou nenhum Brasileiro, nenhuma Copa São Paulo de Juniores e nenhum torneio internacional. A comparação com seus principais rivais é cruel. O Corinthians ganhou 16 títulos, inclusive dois Mundiais e Libertadores; o São Paulo faturou 12 títulos, também com Mundial, Libertadores e um tri Brasileiro; e o Santos levou 10 títulos, entre Libertadores, Brasileiro e um tri Paulista.

Diante desse cenário, é normal que parte da torcida fique "de mal" do time e desapareça dos estádios. Mas isso está mudando. Desde que sofreu uma impiedosa goleada do Mirassol, por 6-2, no Paulistinha 2013, o Palmeiras passou a ser outro. Parece que o vexame encheu os jogadores de brio e eles passaram a jogar melhor, inclusive com mais raça. O trabalho do técnico Gilson Kleina começou a ser reconhecido. E a torcida deu uma grande demonstração de amor ao Palmeiras apoiando o time durante os 90 minutos do jogo contra o Libertad (1-0) na Libertadores, diante de mais de 33.000 pessoas no Pacaembu. Essa com certeza foi a partida mais importante do Palmeiras em 2013.

Ganhar ou perder campeonatos faz parte do jogo. Ninguém garante que um time apoiado pela torcida vai ganhar. Mas a atitude dos palmeirenses naquela quinta-feira deveria ser encarada como novo paradigma por seus torcedores. É na dificuldade e na derrota que o Palmeiras mais precisa de seus entusiastas. Dessa forma, os jogadores ganham confiança dentro de campo. No futebol paulista, a torcida que mais apóia o time nas horas difíceis é a do Corinthians. Já a torcida do São Paulo é o oposto: superexigente, ela costuma vaiar os jogadores ainda no primeiro tempo se o time não estiver jogando bem, e vibra bastante quando está ganhando. O Palmeiras agora está nesse meio-termo. Portanto, não adianta a torcida alviverde lotar o Pacaembu, cantar e vibrar, empurrar o time num jogo decisivo da Libertadores, se abandoná-lo na partida seguinte e tornar a ameaçar os atletas.

Quando ficar pronta, a nova Arena Palestra Itália será fortíssima aliada do Palmeiras. O estádio acomodará 45.000 pessoas sentadas em cadeiras cobertas, perto do campo. A arena ficará pronta ainda este ano. Estar sempre cheia nos jogos do Palmeiras é o caminho mais fácil para o clube recuperar a grandeza e a força do século 20. Nas próximas semanas o Palmeiras terá jogos decisivos pela Copa Libertadores e pelo Campeonato Paulista. Ou seja: duas oportunidades de ouro para sua torcida apoiar como nunca, enfeitar o estádio com faixas, alegorias e balões e, quem sabe, passar de quatro para seis títulos conquistados no século 21. Só com paciência e incentivo de seus fãs o Palmeiras do século 21 voltará a ser o Palmeiras do século 20.